É verdadeiramente incompreensível a maneira como a agricultura tem sido tratada nos últimos anos.

Quase que nos faz ter saudades do (pouco) saudoso Jaime Silva, aquele a quem o então comentador político Marcelo Rebelo de Sousa chamou do “maior incompetente do mundo” fruto da forma desastrosa com que desempenhou a sua função no XVII Governo. Nesse período (2005-2009) a agricultura portuguesa sobreviveu devido à, já conhecida, resiliência dos agricultores. Agora, estes mesmos agricultores, já começaram a mostrar a sua indignação com a primeira manifestação em Mirandela, estando já agendadas outras ações onde se espera que a adesão vá aumentando até chegar a Lisboa.

Atualmente temos uma ministra que destrata a sua pasta todos os dias, que claramente tem uma agenda de reduzir a relevância política do setor, desrespeitando totalmente uma atividade essencial para a sociedade, a economia e para o país. Desde a passagem da tutela das florestas para o Ministério do Ambiente, passando por tirar competências à DGAV. Na orgânica do atual Governo conseguiu que o seu Ministério fosse o último da hierarquia, mostrando de uma forma clara a relevância que o setor tem para quem nos governa.

Mais recentes foram as notícias do encerramento das Direções Regionais, a escolha de uma Secretária de Estado da Agricultura que durou 24 horas no cargo, culminando hoje com a decisão de extinguir a Secretaria de Estado da Agricultura. O argumento é administrativo, mas para o setor fica o sinal, o sinal de que a função não é relevante, o sinal de que no universo de recrutamento do governo não há ninguém para assumir a Secretaria de Estado, talvez por não ter a aprovação no famoso questionário. Muitos sinais, todos eles negativos.

Especula-se sobre quais serão as próximas medidas nesta cruzada para destruir o Ministério da Agricultura, tudo indica que poderá ser a passagem da tutela da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva) para as Águas de Portugal. Vamos aguardar.

Mesmo com todo este esforço para reduzir o peso político da agricultura, será impossível apagar a relevância que esta tem na vida das pessoas. Precisaremos sempre de comida, cá estaremos para a produzir, com ou sem Ministério da Agricultura.

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