Muito mais importante que vencer um jogo no Mundial, a nossa Seleção de Rugby tem a difícil missão de mostrar ao País que há mais desporto para além do futebol.

Ontem consegui que, num grupo de amigos do WhatsApp onde se discute futebol, se falasse de rugby. Antes do início do jogo procurei que entendessem que o objetivo dos Lobos seria disputar o jogo com o País de Gales e não perder por poucos pontos, fui completamente destratado. Terminado o jogo, apesar de alguma frustração, fui partilhando algumas das reações, onde inclui a referência do Tomás Appleton (capitão de equipa) ao amadorismo de grande parte dos nossos jogadores no final da partida, e como resposta tive o seguinte comentário “No fundo somos o Lichtenstein do reibi”. Sei que não foi com qualquer intenção maldosa, mas caímos sempre na comparação com o futebol.

Ao tentarmos comparar o rugby ao futebol ficaremos sempre a perder, mesmo considerando algumas das características, na minha opinião diferenciadoras, como sendo o TMO vs VAR, a comunicação audível dos árbitros, o ambiente no Estádio, valores promovidos pela modalidade, etc. É uma questão cultural.

Imagens das lágrimas do Zé Lima a cantar o Hino Nacional ou do Vincent Pinto a ser reconfortado pelo adversário, que supostamente ele agrediu, mostram bem o que o rugby representa para quem o pratica.  O grande desafio não é mostrar o que os Lobos significam para as pessoas do rugby, o desafio é mostrar aos Portugueses que há mais desporto para além do futebol, que há mais Seleções Nacionais para além da de futebol, mostrar à comunicação social que vale a pena falar de rugby, aos pais dos jovens que podem e devem apostar no rugby como modalidade desportiva dos seus filhos, demonstrar aos patrocinadores que vale a pena investir no rugby e, por último, “obrigar” os nossos políticos a olhar também para o rugby.

Ontem tivemos ao lado do Presidente da Federação Portuguesa de Rugby o nosso Primeiro Ministro. Sabemos que não interrompeu nenhum Conselho de Estado para estar presente, mas já foi um sinal. No jogo com a Austrália teremos a presença do nosso Presidente da República, que já tinha estado também no Algarve, no último jogo de treino dos Lobos com os EUA antes do Mundial de Rugby. São tudo bons indícios, mas não chega, ainda…

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Desportivamente temos a ambição de vencer jogos no Mundial, mas o grande desígnio destes Lobos é colocar o rugby no topo das modalidades desportivas em Portugal. Foi gratificante ler, esta manhã, o que escreveram o The Guardian, o Le Figaro e a BBC sobre a prestação dos Lobos, referindo o apaixonante rugby praticado pelos nossos jogadores. Precisamos que a nossa comunicação social se interesse também.

O Campeonato do Mundo de Rugby é o terceiro evento desportivo mais visto no mundo, isto quererá dizer alguma coisa. Temos talento para estar entre os melhores, mas falta tudo o resto. Os Lobos seguramente farão a sua parte, teremos de ser nós, enquanto País, a fazer o resto.

Somos Todos Lobos!!