Transcrevo um comentário que escrevi numa rede social, a única que uso, onde já consegui chamar a atenção de detratores anónimos. Demorou algum tempo, mas finalmente surgiram os comentários pouco educados. É caso para dizer, “missão cumprida”. Alguém percebeu a perigosa justeza das minhas tíbias reflexões, nem sempre na melhor prosa, injustificadamente com erros ocasionais de sintaxe e ortografia. Foi a prova de que ainda há quem vá lendo as minhas notas e sinta necessidade de ripostar. Essa necessidade de contrapor com insultos ao que eu vou escrevendo reforçou a minha certeza, já facilmente discernível nalguns comentários que neste jornal vão aparecendo, de que há uma “Máquina” de vigilância, montada nos jornais e nas redes sociais, para não falar nos comentaristas a soldo em algumas rádios e TVs.  Repito o que já publiquei, em itálico, agora com acrescentos.

Não vejo racismo nos cartazes que alguns professores entenderam exibir na manifestação do 10 de junho. Uma alusão ao Porco de Orwell? Acho que sim. Ao Porco que vigia, controla, cheio de certezas, avesso a críticas, prepotente e impenitente. Percebo a preocupação dos comentadores. Todos os membros dos Governos do Dr. Passos Coelho, sem exceção, foram insultados sem dó ou pudor. Até num Rock in Rio me lembro de comentários infelizes de um dos membros do grupo rock James. Seguramente um profundo conhecer dos meandros da política lusa. Ninguém se queixava. Ninguém nos protegia. Mas o PS tem uma excelente “Máquina” de proteção dos “ataques” ao grande líder.

Democracia é direito à indignação. O Dr. António Costa desconhece ou recusa esse direito. Chama de racista a quem discorda dele, já o fez na AR com alusão sabuja à sua tez “industânica”, e voltou a fazê-lo quando confunde o suíno com um protótipo de etnia. Ignora que os humanos nem têm raças, coitado. Lembram-se de quando, em campanha eleitoral, quase bateu num idoso? Irrita-se. Nada de estranho. Mas falta-lhe estofo e distanciamento para perceber ao que não deve responder. Nem precisa. Tem a “Máquina”.

Os cartazes demonstram falta de gosto e são esteticamente débeis. Não apreciei as cores e os lápis destoam do que se pretendia mostrar. Tenho a impressão de que são um pelágio. Insultaram? Acho que sim. Reprováveis? Sem dúvida. Falta educação na política em Portugal, mas o nosso Primeiro-Ministro está longe de ser um modelo de elegância. Nem lhe interessa ter compostura. A “Máquina” cuida da imagem, disfarça, altera, distorce.

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Fui pessoalmente insultado por políticos, jornalistas, cidadãos, comentadores, sindicalistas, Colegas e até dirigentes nacionais da Ordem dos Médicos. Circularam cartazes, cartoons, filmes, fotografias, desenhos e dichotes. Lobectomizado, nazi, gatuno e assassino. Não fizeram por menos. Alguém se indignou? Na verdade, pese embora a falta de civismo e educação, confesso que alguns até me divertiram e tinham graça. Não há dois Costa iguais. Lembro-me, com carinho, de uma manifestante idosa, indignada com o facto de eu estar a inaugurar uma estrutura que a iria servir. Exibia um cartaz onde estava escrito “asessinos”. Simpática, aceitou a minha explicação de que o que ela queria chamar-me era “assassino”. Ou seria asinino, por estar ali a aturar tudo aquilo?

Pois foi esta alusão aos insultos que recebi o que mais irritou os que entendem haver no Dr. António Costa um sacrossanto direito a que não se lhe diga nada, não se mostre, nem se mencione o que possa irritá-lo. Quem sou eu, mero cidadão, para me queixar e comparar com o elevado espírito que é o Dr. António Costa? É verdade. Insultar um Costa não é o mesmo que insultar O Costa. Achincalhar um cidadão qualquer não é o mesmo que apoucar o primeiro-ministro. Quem somos nós, eleitores que não lhe deram a maioria, para nos queixarmos de um político que tem feito mal o seu trabalho?

Não defendo, como alguns têm dito, a ideia de que um insulto pode ser justificado por insulto anterior. Nada disso. O meu ponto é que usar “racismo” como forma de não aceitar a crítica é falsear o que está em causa. O senhor Primeiro-Ministro é useiro em se esconder e vitimizar. É uma forma de estar. Neste caso, em que houve mau gosto de manifestantes e Primeiro-Ministro, bastaria ter ignorado e seguir o seu caminho. Não houvesse a “Máquina”.