Todos assistimos neste passado recente a uma guerra desenfreada entre Nuno Melo e Francisco Rodrigues dos Santos.

Tal como na vida, nas relações, quando há desavenças e separações, a culpa dessas zangas nunca é só de uma parte. Há sempre culpas repartidas. Para a maior parte do eleitorado que deixou de votar CDS, a culpa não é só de Chicão ou Nuno Melo. É dos dois.

No entanto, não podemos esquecer que o CDS já sofria de um forte decréscimo de votação com Assunção Cristas, ao ponto de no dia da morte do meu familiar Diogo Freitas do Amaral, fundador do CDS, dia também das eleições legislativas de 2019, muitos militantes do CDS-PP me terem enviado mensagens dizendo ter sido irónico o destino da vida do Presidente Freitas do Amaral ter terminado juntamente com o desaire eleitoral de Cristas, que faria morrer o partido na mesma data que o seu Fundador.

Achei na altura ironia do destino mas o tempo fez-me de certa maneira dar razão a estes militantes pois era já notória a falta de acompanhamento dos tempos por parte do CDS e do “portismo” em decadência.

Mas voltando aos dias de hoje é também preciso ter presente que os protagonistas da guerra fratricida que gerou o péssimo resultado do CDS ganharam bastante notoriedade na praça pública. Neste caso foi uma má notoriedade, que não permitirá ao partido subir com estes mesmos protagonistas (com enfoque para Nuno Melo).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Houve 10 milhões de portugueses que estiveram a assistir a esta verdadeira telenovela mexicana. E é dos livros o eleitorado não gostar de premiar quem denigre o seu partido.

Por estas razões é urgente o CDS apostar em sangue novo e numa solução equidistante dos últimos protagonistas.  É urgente o CDS delinear uma estratégia com vista a eleger deputados em Braga, Porto e Lisboa e estes resultados só acontecerão se o partido apresentar um discurso desempoeirado, moderno, com protagonistas novos e com uma mensagem direccionada aos grandes centros urbanos, uma vez que da direita (Chega) à esquerda (BE), é nestas cidades que os partidos sem representação apostaram “todas as fichas” para a sua subida eleitoral, em conformidade com a péssima lei eleitoral que existe actualmente e que inviabilizava a eleição de mais deputados por outras zonas do país.

Veremos pois se a realização de um congresso onde os delegados são escolhidos previamente pelos protagonistas candidatos a líderes pensarão pela sua cabeça ou se pela intenção de quem prejudicou o CDS e que tem má notoriedade.