Digna, segura, tocante, forte, inabalável, serena, atenta, sensível, apaixonada, humana. Num mundo em constante transformação foi um farol de continuidade na mudança, uma certeza em todos os momentos. Não tocou uma era, fez do seu tempo a era de Isabel II. E nós todos, em todos os continentes, tívemos o enorme privilégio de assistir à dignidade e respeito com que dedicou a sua vida a uma missão, a de ser Rainha do Reino Unido e líder da Commonwealth que ajudou a criar.

Atravessou a segunda guerra mundial, ao lado dos seus pais, da sua cidade e do seu povo, o desaparecimento do Império britânico tal como ele era até aí, revoluções na arte, na música e na sociedade. Conheceu Papas, cientistas, Presidentes e astronautas. Ou vendo bem, foram eles que a conheceram a Ela. E conseguiu fazer de tudo isso um enorme exemplo do que se pode e deve ser. De um modo ou de outro esteve presente na vida de todos nós. Porque Ela era também um bocadinho a Rainha do mundo todo.

É tempo assim de agradecer e de reflectir. A sua vida, o seu legado, a sua dedicação acima de todos os limites. A melhor e mais digna das servidoras do seu país e da imensidão de toda a Commonwealth.

Lilibeth, nascida filha dos Duques de York, que conheceu e casou com o seu Príncipe encantado, que foi mãe, avó e bisavó, que teve alegrias e tristezas mas que em momento algum esqueceu a sua missão. A solidez e a constância com que fez a travessia de um percurso e que encontrou em Philipp, seu marido e Duque de Edimburgo, a mais forte das presenças e a âncora durante mais de setenta anos.

E até no seu desaparecimento, na sua tão querida Escócia, o legado é cumprido e simbólico. Ao choque inicial seguir-se-á um novo período, há muito já iniciado e por ela também preparado. E quando ouvirmos pela primeira vez, comovidos, agora, God Save o novo Rei Carlos saberemos que são nações inteiras que sabem ser essa a melhor das formas de lhe dizer obrigado. A razão da sua vida, a estrela que a guiou no caminho do bem comum. God bless you Mam’m. E descanse em Paz.