Isabel Moreira escreveu sobre o CDS, falou do que não sabe, mas, pior, mostrou uma ignorância enciclopédica sobre a história da nossa democracia e do partido em particular.

A ignorância alimenta o atrevimento e Isabel Moreira foi muito atrevida.

Arrependo-me de ter feito parte daqueles que criticaram a sua pintura de unhas durante um debate parlamentar, claramente a senhora deputada é menos prejudicial a pintar as unhas do que a escrever.

No artigo que recentemente escreveu, com o título “O armário do CDS”, Isabel assume-se como porta-voz do pouco saudoso e malogrado PREC. Do alto da sua arrogância, a Sra. Deputada do PS considera-se habilitada a definir as razões e motivações que levaram Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa a fundarem o partido em 1974. Não só se assume como intérprete autêntica da vontade dos fundadores como recupera o espartilho político que o pacto MFA/partidos quis impor e que o CDS rompeu.

Não somos nem nunca fomos albergue para quem desconfia da democracia – fomos e seremos guardiões da verdadeira liberdade, da que votou contra uma Constituição monolítica que impunha o socialismo como única via política, e que a senhora deputada continua a considerar correcta. Somos a direita que resistiu quando os extremistas de esquerda cercaram o Palácio de Cristal, a direita que sempre colocou o país à frente de tacticismos egoístas e aceitou governar o país com o PS, partido que a senhora representa, para salvar o país da bancarrota.

Fala de uma suposta saída do armário, mas na verdade o que a move é uma imensa escuridão de quem ainda está na mais profunda caverna ideológica.

Tenta mascarar-se como activista moderna das questões fracturantes, na senda da bafienta série “As Destemidas” que vergonhosamente passou no espaço infantil da RTP2. Mas, na verdade, estão todas presas num passado com mais de 400 anos. Um tempo onde as crianças eram confundidas com “adultos pequeninos”, sem direitos próprios, como o direito a crescerem em liberdade, a brincarem sem serem invadidas com preconceitos, a terem um pai e uma mãe. Sim, hoje é adquiro que pai e mãe têm papeis diferentes e ambos são igualmente necessários.

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Parecem saídas de um quadro de Velázquez, “Las Meninas”, pintado em 1656, onde as crianças são retratadas como pequenos adultos, onde não existia a percepção da condição infantil, nem de toda a sua inocência e fragilidade.

Pretendem dividir a sociedade em duas: a pseudo-progressista e a ultraconservadora. Estão focadas em criar um conflito que sirva de terra fértil à agenda de desconstrução social, diabolizando o passado, descontextualizando os factos do seu tempo, afrontando a memória colectiva em nome da imposição de uma sociedade artificial, onde as pessoas não têm sexo, os filhos não têm pais e os países não têm História.

Desejam um mundo cinzento onde a realidade não é mais do que a sua sombra, as pessoas são coisa do Estado, despidas de valores de princípios e afectos.

Os túneis da ideologia de género conduzem-nos ao tempo das cavernas, quando as famílias tinham geometria variável ao dia, onde a organização social era a de ocasião e as pessoas pouco ou nada tinham de dignidade humana.

São túneis que só sabemos onde começam, mas nunca sabemos onde vão terminar. É para aqui que Isabel Moreira e tudo o que ela representa nos quer levar, uma espécie de viagem ao passado pré-civilizacional, num comboio pseudo-progressista onde o combustível são os valores que fundam a nossa civilização.