A nova praga que afecta o turismo por toda a Europa é o Percevejo. Insecto que não mata, nem causa doença grave, mas chateia. Alimenta-se de sangue humano, uma espécie de vampiro em miniatura, ataca durante a noite e é insaciável. Por si só, seriam características que o qualificavam como militante da esquerda, mas não é essa a razão.

O Percevejo está a transformar-se numa ameaça para o Turismo. Com particular gravidade em França, onde já obrigou o Governo a reunir, de emergência, duas vezes, para tentar travar a praga.

Praga que está a comprometer os Jogos Olímpicos de 2024 e a provocar cancelamentos de reservas.

As últimas notícias dizem-nos que já atravessou o canal e invadiu terras de sua Majestade.

O turismo de que a esquerda tanto se queixa, que acusa de ser a razão todos os males, de provocar o aumento do preço das casas, de absorver toda a disponibilidade de arrendamento, de promover a gentrificação, encontrou agora mais um inimigo, um aliado da esquerda, o Percevejo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas há uma diferença, em abono do Percevejo, o Percevejo não é hipócrita, a esquerda é.

O argumentário da esquerda é um insulto há inteligência e um condensado de contradições.

Dizem que o turismo tem um peso excessivo na economia, que Portugal está a caminhar para a “monocultura”, mas apregoam o sucesso da economia como sendo coisa sua, esquecendo que foi o Turismo que alavancou todo o crescimento, com uma evolução positiva de 60% entre 2021 e 2022. Prevendo-se um contributo de 40 biliões para o PIB nacional em 2023.

O argumento da monocultura é particularmente bizarro. Se há um sector que está com forte crescimento a esquerda diz que deve abrandar para não se destacar dos outros. Isto é a esquerda a ser esquerda, a nivelar tudo por baixo, a impor a ditadura do poucochinho.

São os sectores que estão fracos que têm de crescer, não são os que estão fortes que têm de enfraquecer.

Arrogam-se de taxas de desemprego baixas, mas esquecem que o Turismo emprega quase 1 milhão de pessoas e no último ano gerou mais de 80.000 novos empregos.

Atribuem ao turismo as responsabilidades dos problemas com a habitação, mas o problema tem muitas causas. Causas que a esquerda quer esconder, porque tem culpas, querem fazer do turismo o “bode expiatório”, mas a verdade está nos factos, na realidade que nenhuma narrativa consegue esconder.

Nos últimos 23 anos o PS Governou durante 16. Em 2022 construíram-se 20.000 novas casas, contra as 120.000 construídas em 2000, ou seja, em 2022 a construção é 6 vezes menor que em 2000.

Os governos socialistas destruíram a indústria da construção, a oferta caiu vertiginosamente, a procura aumentou, claro que os preços dispararam. O Governo ainda tem o descaramento de dizer, repetido à exaustão pela Ministra da pasta, que na habitação o mercado não funciona. Funciona, o que não funciona são as políticas do Governo.

Faltam casas porque não se constrói, mas, ao invés de combater o problema, a esquerda procura desculpas. O Alojamento Local é disso exemplo, para a esquerda todos os problemas com o arrendamento começam e acabam no alojamento local. Mas, mais uma vez, a narrativa esbarra na realidade. A percentagem de AL no país é inferior a 3%, ou seja, 97% das casas são habitação, em Lisboa, onde a procura turística se concentra, o AL representa 7,5%, logo 92,5% são habitação.

Não podem ser estas percentagens de AL que justificam os preços astronómicos do arrendamento. Os valores dispararam porque, para além da falta de construção nova, os governos do PS criaram uma insegurança legislativa que desencoraja o arrendamento. As constantes alterações ao quadro legal provocam desconfiança nos proprietários, nos investidores, no mercado e, sem confiança, retraem-se, com a retracção diminui a oferta, com menos oferta sobem os preços.

O primeiro-ministro disse, na última entrevista televisiva, que o direito à habitação prevalece sobre o direito à propriedade. Foi uma frase assassina de qualquer réstia de confiança que pudesse existir no lado dos proprietários. Mais uma vez, a hipocrisia falou mais alto que o bom senso, se o direito à habitação está consagrado na constituição, também está o dever de todos o fazerem cumprir, todos através do Estado, não é o Estado a garantir com aquilo que é dos outros.

Curiosamente, ou talvez não, a esquerda não fala na pressão que a imigração ilegal tem no preço das rendas. Em Lisboa, há camas a serem arrendadas a 200 euros mês, camas, não são quartos, tendo cada quarto várias camas. É desumano, os imigrantes sujeitam-se porque não têm visto para arrendar uma casa, mas as autoridades fazem vista grossa, provocam uma escalada no preço das rendas, com um T2 a chegar aos 2.000 euros.

Sobre isto o silêncio da esquerda é total.

A verdade é que a esquerda odeia o turismo. Odeia porque não controla.

O Percevejo destrói o turismo por necessidade, a esquerda é mesmo por vontade.