As máscaras dos comunistas. Os comunistas portugueses vão arrepender-se mil vezes da celebração do 1º de Maio de 2020 pois vai ser enorme o preço político que vão pagar por elas. O que se viu “claramente visto” na Alameda não foi uma celebração mas sim a exibição obscena do poder por parte de quem se acha acima da lei que rege os demais.

Enquanto os portugueses estavam proibidos de mudar de concelho (tantas vezes a farmácia fica no outro concelho, os pais divorciados tinham de negociar com a polícia as idas e vindas das crianças) os comunistas atravessavam concelhos e a ponte sobre o rio Tejo. Deambulavam pela Alameda sem qualquer distanciamento social e faziam tábua rasa das recomendações sobre os grupos de risco.

A falta de pudor na exibição desses privilégios tornou mais evidente aquilo que a CGTP de facto é: uma corporação feroz na hora de defender os seus interesses e a sua capacidade de influência. Para mais uma corporação a quem ninguém pergunta nada. Por exemplo, e apenas para começarmos, alguém sabe ou quis saber quantos sindicalistas da área da saúde se apresentaram durante esta epidemia nos seus serviços para trabalhar?

A máscara do optimista e do milagre.  Estão todos com medo. Medo do silêncio enquanto forma de expressão da descrença. Não é por acaso que Ferro Rodrigues queria atafulhar a AR: é preciso preencher o silêncio. Esconjurar o medo.

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Marcelo tem medo que Costa o ultrapasse no populismo e medo também da elevada abstenção entre aqueles que foram os seus eleitores. Medo sobretudo que um dia alguém lhe lembre que a vida não é uma brincadeira e que não está para brincadeiras. (Em que praia irá o Presidente mudar de calções este ano?)

António Costa primeiro-ministro acredita que a guarda-pretoriana da função pública, livre da austeridade, chegará para o preservar do medo de um povo a viver a condicionalidade.

Uma parte do PS tem medo que o partido acabe nas mãos de Pedro Nuno Santos e se transforme numa versão em canastrão do BE. A outra parte do PS não tem medo nem deixa de ter: vive numa bolha. E está com quem mantiver o PS no poder. O CDS tem medo do Chega e o Chega tem medo do protagonismo de Ventura. Só Rio não tem medo porque também não tem juízo. (A IL ainda não tem idade para ter medo).

Há no ar uma brisa de medo. Medo do Verão em que o acesso às praias pode levar o povo a perder a cabeça. Medo do Inverno que pode trazer o vírus. Medo do medo.

A máscara do acolhimento aos refugiados. Primeiro chamaram-lhes hóspedes. Mais precisamente os hóspedes de um hostel lisboeta estariam infectados com Covid-19. Depois os hóspedes passaram a refugiados. Donde? De que conflito? As notícias não diziam. Em seguida os hóspedes-refugiados passaram a “requerentes de protecção”. Mas logo de imediato os requerentes de protecçãose transfiguraram em requerentes de asilo ou apenas em requerentes. Pelo meio havia também a possibilidade de serem designados como “pessoas retiradas” do hostel o que os colocava mais ou menos no patamar dos turistas. Entretanto aconteceu que alguns dos hóspedes, refugiados, requerentes de protecção que também podiam ser apenas apresentados como requerentes ou requerentes de asilo desapareceram. Aí a terminologia ganhou novos termos: de repente tínhamos “19 migrantes de hostel de Lisboa”. Ou noutras versões os “imigrantes do hostel”. Não tivemos muito  tempo para assimilar estas novas designações porque a dado momento fomos esclarecidos que os “Estrangeiros do hostel em Lisboa já estão em quarentena na Ota”.

Estávamos portanto com os migrantes, imigrantes, “pessoas retiradas”, estrangeiros, hóspedes, refugiados, requerentes de protecção ou de asilo devidamente instalados na base da Ota quando fomos informados que alguns tinham ido para a mesquita de Lisboa e outros, a fazer fé nos jornais, estavam em fuga”: “Dezanove refugiados de hostel em Lisboa com casos de coronavírus estão em fuga”. Mas em fuga de quê ou de quem? Então os refugiados não tinham sido acolhidos exactamente porque vinham a fugir? E que sentido faz que fujam requerentes de protecção ou de asilo?…

Esta sucessão incompleta e quase anedótica de referências contraditórias espelha a forma como as questões relacionadas com a imigração e o acolhimento de refugiados se tornaram um assunto opaco: por exemplo, quantos de nós sabíamos que os hostels estavam a ser usados deste modo?

O elevado número de infectados nos locais onde muitos dessas pessoas estão alojadas mostrou não só que há muito para nos ser explicado nesta matéria – a começar pelas condições de alojamento e a acabar em quem os paga, quem decide o estatuto de cada uma destas pessoas, quem é responsável por elas.. – como que é fundamental que se discutam as políticas de imigração e acolhimento (e um imigrante não é um refugiado por mais que os termos agora se estejam a tornar sinónimos).

O acontecido a estas pessoas deve servir também para reflectirmos sobre as condições em que vão ser acolhidas as chamadas “crianças migrantes” que estão desacompanhadas das suas famílias nos campos das ilhas gregas. Entre o frenesi do Covid-19 passou discreta a informação que “Portugal manifestou disponibilidade para acolher crianças migrantes que estão desacompanhadas nas ilhas gregas”.

O acolhimento de menores tem sido, em vários países, um daqueles actos mediatico-caritativos que no imediato dão muito boa imprensa e a médio prazo grandes problemas. O futuro destas crianças e jovens não pode ficar cativo do activismo de uns e da caridadezinha de outros.

Temos de perceber que crianças são essas ou porque não apoiamos as suas famílias de modo a que estas possam viver com os seus filhos. E uma vez aqui quem se responsabiliza por elas? Qual o plano para as suas vidas?…

Se não fizermos isto a tempo um dia seremos confrontados com notícias bem mais complexas que aquelas que agora nos chegaram de uns hostels lisboetas.