Quando António Costa deixava o palácio de Belém na quarta feira virou-se de costas para as televisões e pôs-se a urdir por telemóvel aquela tortuosa jogada da falsa demissão do Ministro Galamba. Destinada a ser logo recusada apenas para desautorizar o Supremo Magistrado da Nação.

Poucos minutos depois Marcelo saiu a pé do palácio e foi comer um Santini à geladaria da esquina, como qualquer português. Saudou todos populares que por ali passavam e galhofou com o enxame de jornalistas que o acompanhava. Poucos comentadores perceberam mas o sinal estava dado.

Quinta-feira, por fim, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se formalmente aos portugueses.

Começou logo por dizer que os números favoráveis do Governo não se traduziam em benefícios correspondentes para o Povo.

Depois mostrou que, se não podia demitir o ministro das Infraestruturas, conseguia perfeitamente matar João Galamba, tanto política como civilmente.

Acusou também gravemente o Governo de usar as secretas para servicinhos particulares.

E deixou claro que tinha consigo o recurso político mais precioso de todos: o tempo. Que o Governo cairá inexoravelmente quando ele achar que chegou a altura e de nada valerão então as bravatas de António Costa.

Tudo considerado, Marcelo pretendeu apresentar-se como o verdadeiro representante e Procurador do Povo contra os poderes instalados, irresponsáveis, pouco confiáveis e desprestigiados.

Não. Não foi um palhaço político quem foi comer um gelado ao Santini na quarta-feira. Foi Batman, o vigilante e guardião da Cidade.

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