O BCE voltou a intervir no mercado monetário através da diminuição das taxas de juro (a taxa de refinanciamento foi reduzida em 10 pontos base para 0,05%, a taxa de depósito caiu para -0,2% e a taxa de crédito para 0,3%) e da implementação de dois programas quantitativos:

– um programa de compra de títulos bancários garantidos por créditos dados pelos bancos ao sector privado não financeiro, uma medida inovadora na atuação dos bancos centrais que tinha sido anunciada pelo BCE em junho,

– um programa de compra de obrigações hipotecárias emitidas por bancos e instituições de crédito da zona euro.

Ambas as operações terão início em outubro e os detalhes serão anunciados após a próxima reunião do BCE.

Na conferência de imprensa o presidente Draghi anunciou também que as previsões do BCE para o crescimento e inflação em 2014 foram reduzidas para 0,9% e 0,6%, devido às recentes notícias de que o crescimento do PIB estagnou na zona euro no segundo trimestre e de que a inflação voltou a diminuir em Agosto. Com as medidas agora anunciadas, o Conselho do BCE espera contrariar estas tendências.

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O BCE mostrou novamente a sua determinação em impulsionar o crescimento do PIB da área do euro e evitar a deflação. Não só através das medidas anunciadas hoje, mas também, afirmando que, caso seja necessário combater um período prolongado de inflação baixa, o Conselho do BCE será unânime em recorrer ao uso de instrumentos não convencionais adicionais dentro do seu mandato.

Com efeito, o Presidente Draghi tinha mostrado alguma preocupação em agosto relativamente ao facto de as expectativas do mercado para a inflação no longo prazo estarem a baixar para menos de 2%, o que poderia assinalar que a credibilidade do BCE estaria sob ameaça.

As medidas quantitativas anunciadas hoje têm como objetivo facilitar o funcionamento do mecanismo de transmissão da política monetária, ou seja, o mecanismo através do qual as decisões do BCE efetivamente se traduzem num aumento do crédito para o sector privado.

No entanto, após várias intervenções do BCE, incluindo quantitativas, permanece a dúvida sobre porque é que a Europa não consegue recuperar tão rapidamente como os Estados Unidos e o Japão. Parte da razão poderá ser a implementação de políticas de controle orçamental em vários países. Outros factores importantes estão provavelmente relacionados com o facto de as economias europeias não terem flexibilidade suficiente para recuperar rapidamente de uma crise prolongada. A política monetária, no entanto, não pode resolver esse problema, pelo que os estados membros terão de se empenhar mais nas reformas estruturais.