Se há coisa que a administração Biden já habituou os estudantes de política externa norte-americana é o cuidado que tem com as palavras que usa. Essa precisão de termos é explanada num documento recente, a Estratégia de Segurança Nacional Interina, que pretende antecipar-se à tradicional Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América, um documento que todos os presidentes publicam uma vez por mandato e que delimita a forma como a América se posiciona no sistema internacional.

Este documento não traz muitas novidades relativamente aos discursos que Joe Biden foi fazendo e às posições políticas que foi tomando, de que falámos aqui. Mas há três elementos que gostaria de realçar, elementos esses que ganharam vida empírica este mês, nomeadamente no que se refere à política externa americana para a Ásia.

O primeiro é a afirmação que a política externa norte-americana não pode voltar a ser o que era em 2016. Ora, isso é o reconhecimento que o mundo mudou consideravelmente desde que Biden foi vice-presidente de Obama até se tornar presidente dos Estados Unidos. E não mudou (apenas, nem sobretudo) devido à presidência Trump. Transformou-se, porque Biden reconhece dois aspetos: primeiro, que o sistema internacional está em transição de poder – e que, quer os Estados Unidos queiram quer não, estão em “guerra de transição” – e que, por isso mesmo, as estratégias usadas até aqui estão obsoletas.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.