Há anos que insisto no facto de a crise financeira que estoirou em 2011 nas mãos do PS e do seu líder de má memória estar ainda muito longe de ter sido limpa de vez, mesmo depois das dezenas de milhar de milhões de euros que tem custado ao país! A prova é que, dez anos depois, ainda mal recuperámos o PIB per capita de 2008. Na realidade, desde o início do século XXI, a economia portuguesa cresce à média de meio-ponto percentual por ano e o PIB per capita pouco mais do que isso. Portugal é um caso limite de estagnação!
No cerne desta contra-performance que fez de Portugal um dos últimos países da zona euro, tendo sido ultrapassado por quase todos os países originários do «bloco soviético», encontram-se três factores que se têm alimentado um ao outro antes mesmo de nos levar à virtual bancarrota de 2011. Estou a falar da absorção do aparelho de Estado pelo sistema político-partidário; do desmesurado peso do sector bancário, seja público, privado ou «social»; e finalmente, da gigantesca corrupção promovida pela colusão dos dois primeiros factores.
Tanto assim que, neste momento, apenas sobram dois bancos minimamente sólidos, a saber, aqueles que foram adquiridos pela banca espanhola. Quanto ao BCP, está já subordinado aos chineses da FOSUN, cujo peso em Portugal é contestado pelos nossos parceiros internacionais. Os três bancos restantes não saem dos títulos dos jornais apesar da conspiração do silêncio que o actual governo procura manter, acumulando mentiras após mentiras e falhando promessas após promessas, como era aliás fácil de ver já há dois anos.
Um de cada vez ou todos ao mesmo tempo, ora se descobre que a menina dos olhos da «geringonça» governamental – isto é, a Caixa Geral de Depósitos – foi levada à beira da falência pelos seus administradores e clientes privilegiados, cujos nomes estão em todos os processos em curso; ora se verifica que a actual administração não tem condições para manter a CGD no sector público sem continuar a fornecer-lhe milhares de milhões de euros dos contribuintes.
O mesmo se passava na mesma altura com a pseudo-venda do «Novo Banco», isto é, a entrega dos restos do falido BES a um fundo-abutre com o nome poético de Estrela Solitária. Já então era possível ver que nem o objectivo do fundo-abutre era salvar o BES mas tão só vender o que for vendável, nem o governo da «geringonça» fugiria a enterrar mais alguns milhares de milhões de euros a fim de manter a ficção do «Novo Banco» à custa do défice do país…
Finalmente, há cerca de um ano já era evidente que «não havia milagres» e que também o chamado Montepio não só não seria resgatado pelos dinheiros que o governo pretendia ir buscar à Misericórdia de Lisboa, como teria de fazer frente, com os respectivos custos de reputação e não só, à falta de idoneidade do Sr. Tomás Correia, dono aparente da Mútua… O caso Montepio, que nos ficaria mais barato se fosse vendido a preço de saldo ao primeiro comprador, vem demonstrar a total incompetência do PS para lidar com os monos invendáveis da banca socrática assim como o seu despudor ao repetir as mesmas promessas.
Com efeito, a forma como o PS apoiou a reeleição de Tomás Correia e como persistiu em sustentá-lo depois de ele ter sido multado pelo Banco de Portugal, não hesitando em manipular a entidade reguladora e em passar por cima da acta que isenta o condenado de pagar a multa, tal comportamento mostra duas coisas fundamentais para nos compenetrarmos de vez que o PS foi totalmente responsável pelos comportamentos que levariam o país à falência sem o resgate internacional.
A defesa tenaz de alguém como Tomás Correia, cuja duvidosa credibilidade é conhecida, faz-nos pensar imediatamente que, no caso de o PS estar no poder quando o BES faliu após todas as trafulhices, os líderes do PS não se teriam atrevido a dizer não ao Sr. Ricardo Salgado. Alguém duvida? Ainda hoje ele lá estaria e os contribuintes a pagar, como lá estariam todos os mandantes e clientes da corrupção larvar!
Desde António Costa, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de onde trouxe grande parte dos seus colaboradores, até Vieira da Silva, há perto de uma década com a mão na maior fatia do Orçamento de Estado para distribuir ao eleitorado e citado há pouco a propósito da burla das «Raríssimas», a protecção reservada pelo PS a alguém como o «dono do Montepio» devia surpreender-nos, mas a verdade é que mostra como estamos desarmados perante as redes de influência e de corrupção. É de esperar que o eleitorado castigue os responsáveis partidários!