Enfrentamos a maior crise sanitária da nossa história recente. Existem três pilares para uma resposta eficaz à forma como esta terrível doença está a afetar Portugal. A resposta que as famílias e empresas precisam reside nos partidos políticos, nos bancos e no governo. Esta consideração não desconsidera o papel do Presidente da República, que decreta o estado de emergência, mas não o legisla nem executa.

1 Os partidos políticos

A Covid-19 é uma pandemia mundial, com efeitos devastadores na saúde pública e potencialmente avassaladores na economia. É este o nosso atual contexto e se um partido político não tiver esta realidade presente arrisca-se a estar num limbo entre o desrespeito e despeito por todos os portugueses

Na sessão plenária da Assembleia da República do dia 08 de abril votaram-se dezenas de propostas. Muitas delas propunham medidas económicas e sociais sem definirem quanto custam, e por isso mesmo, sem se saber se são todas exequíveis. Nesse sentido, estarão no limbo entre o desrespeito e despeito pelos portugueses. Em tempos como os que vivemos acenar com supostas soluções “em barda”, sem teto orçamental ou enquadramento legal, é ter uma posição de nulidade no combate que travamos.

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A produção legislativa em massa não significa uma resposta em massa aos problemas do país. Especialmente se as propostas legislativas não forem enquadradas na lei, ou não tiverem exequibilidade por manifesta falta de meios do Estado

Por outro lado, o PSD quantificou em 300 milhões de euros o primeiro conjunto de propostas que apresentou. Quantificou-as dizendo quanto custam. Qualificou-as dizendo como executá-las. Balizou-as em áreas governativas e horizonte temporal. E note-se: explicou como as pretende financiar.

Nas atuais circunstâncias, para um partido encontrar soluções para o país deve saber o limite dos meios do Estado. Como os meios são limitados é necessário calcular os custos das propostas e definir prioridades.

Procurar ganhos políticos no combate à Covid-19 pode ser pouco mais de que um ato de absoluta nulidade. Os partidos têm que perceber o seu papel, sob pena de se descredibilizarem ou, pior, tornarem-se irrelevantes aos olhos dos cidadãos.

2 Os bancos

Os bancos têm dois desafios a superar perante este cenário de enorme crise económica e profunda crise de liquidez do nosso tecido empresarial. Se não forem céleres e ágeis a disponibilizar os primeiros 3 mil milhões de euros de crédito com a garantia do Estado poderão ser co-responsáveis pela morte de muitas empresas. Só porque o dinheiro não chegou a tempo.

Os bancos terão que ter critérios quando emprestam, mas é impossível esperar que as empresas possam cumprir rácios minimamente próximos do período anterior à Covid-19. Os bancos poderão procurar cobrir os seus custos de operação, mas não é aceitável que os empréstimos concedidos nesta situação resultem em lucro. Não esqueçamos que mesmo com prejuízos atrozes, não deixámos cair nenhum banco.

Os bancos estiveram entre os primeiros a receber apoios, com injeção de liquidez. Foram os únicos a receber dinheiro a “fundo perdido”, com empréstimos a uma taxa negativa.

Os bancos foram “desenhados” para dar lucro. Mas neste contexto, não podem lucrar com estas linhas de crédito e devem até clarificar ao país que não estão e não vão a ganhar dinheiro com esta operação. É necessário que seja claro que os bancos estão a desempenhar o papel que se espera.

3 O Governo

O PSD tem realizado um papel essencial. A estabilidade política no combate à pandemia da COVID-19 advém da postura do PSD. À esquerda do PS assiste-se a uma tentativa de transformar medidas de emergência em medidas ideológicas. Atacar o que é privado, proteger uns empresários, esmagar outros. Nem na área da saúde o PCP e BE dão tréguas.

Neste mosaico político o Governo só deve ter um foco. Combater e ganhar a esta pandemia. É pelo facto de o PSD ter apenas esse foco que é possível um ambiente que dá ao governo todas a condições políticas para este desafio.

Se faltar material de proteção nos hospitais, lares, esquadras e tantos outros locais o governo deve corrigir essa falha, não tentar provar que ela não existe. Se os sócios-gerentes, advogados e solicitadores não têm proteção social, o governo deve procurar proporcioná-la de forma igual aos outros trabalhadores. E não apresentar soluções aos soluços, tal como fez com as linhas de créditos às empresas cujos valores entre cada anúncio têm diferenças apreciáveis. Primeiro 200 milhões, depois 3 mil milhões e agora 13 mil milhões.

O governo deve estar focado em vencer esta pandemia. Se agir a pensar no período político após a COVID-19 estará a pensar no destino do PS e não no destino do país. E a postura e sentido de Estado do PSD e do seu líder Rui Rio permitem ao governo esse espaço total para se empenharem na tarefa que o país precisa.

Partidos políticos, bancos e governo não devem tentar ganhar com a Covid-19. Se o fizerem será sempre por conta do sacrifício do país.