Precisamente esta semana foi apresentado o Índice de Desenvolvimento Humano 2020, onde Portugal aparece na 38ª posição. Em todo o relatório é feita referência a Portugal 15 vezes.

No entanto, enquanto especialista em saúde mental, gostaria de enfatizar que Portugal continua a ser um país subdesenvolvido. E esta classificação não é da minha autoria. Foi-me apresentada, há já dois anos, pelos meus colegas da comissão de saúde mental global e desenvolvimento sustentável da prestigiada revista científica The Lancet, que me chamavam à atenção para o facto de, em termos de saúde mental, todos os países poderem ser considerados países subdesenvolvidos.

Sim, países que, de acordo com a Organização das Nações Unidas, apresentam os mais baixos indicadores de desenvolvimento socioeconómico e humano entre todos os países do mundo.

Reparem: neste momento em que escrevo, já estão a ser vacinadas muitas pessoas para a Covid-19, mas onde está a vacina para a saúde mental?

Há uma pandemia oculta da saúde mental. E tal como a pandemia da Covid-19, esta pandemia oculta da saúde mental, numa escala de gravidade, tem o pior dos cenários. Tal como a pandemia da Covid-19, esta pandemia oculta da saúde mental estende-se a níveis mundiais. Tal como a pandemia da Covid-19, esta pandemia oculta da saúde mental é contagiosa e provoca muitas hospitalizações e mortes.

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No que toca a Portugal, continuo, através do meu trabalho diário enquanto psicóloga clínica e do trabalho, a sentir um clima “socialmente aceite” de medo, ansiedade, stress, instabilidade, agressividade, solidão em muitas famílias e empresas portuguesas.

Nunca é tarde para relembrar a todos os Portugueses, que por cada euro investido no tratamento da depressão e da ansiedade, há um retorno de quatro euros em produtividade, qualidade e satisfação de vida e melhor saúde.

Desejo a todos um feliz Natal e ofereçamos uns aos outros uma melhor saúde mental!