Os sinais do arrefecimento da economia na Europa já são notórios. Nomeadamente na Alemanha, onde esta semana foi divulgada uma queda de 0,8% na produção industrial entre junho e julho de 2023. Considerando que o PIB diminuiu no quarto trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023 e estagnou no segundo trimestre de 2023, estes dados parecem indicar que a economia não está ainda a recuperar.
Também o crescimento do PIB da Zona Euro no segundo trimestre foi revisto em baixa duas décimas para 0,1% devido a revisões no PIB de Itália, da Irlanda e da Áustria. O índice PMI que resulta de um inquérito às empresas sobre a sua atividade, diminuiu para 47 (50 é a linha que separa crescimento de contração), devido à queda nas encomendas e nos novos negócios, sobretudo nos serviços.
Nos mercados financeiros, o euro desvalorizou mais de 5% face ao dólar desde meados de julho, assinalando a diferença de sentimento dos investidores entre a Europa e os Estados Unidos, onde a resiliência do emprego sugere que a economia evitou um arrefecimento significativo.
Estes dados poderão convencer o BCE a fazer uma pausa na subida das taxas de juro na próxima reunião, até porque se recordará do efeito que tiveram na economia europeia as subidas das taxas de juro no verão de 2008 e no verão de 2011 quando a economia já estava em franca desaceleração (e no segundo caso vários países estavam em risco de “default”).
Mas a decisão poderá ser dificultada por dois aspetos. Primeiro, e mais importante, a inflação continua demasiado elevada. Apesar de ter diminuído nos últimos meses, ainda era 5,3% em agosto, muito acima dos 2% de referência do BCE. Em segundo lugar, o arrefecimento não parece ter afetado o mercado de trabalho, já que a taxa de desemprego se mantém perto ou abaixo de 6% desde o início do ano.
Assim, embora uma pausa seja possível, também é provável que o BCE não queira fechar a porta a mais subidas da taxa de juro no futuro. Num artigo do gabinete de estudos de agosto deste ano, o BCE identificou que desde 2020 as suas comunicações influenciaram mais os mercados do que as da Reserva Federal. A solução para o BCE nos próximos meses poderá assim passar por abrandar ou fazer uma pausa na escalada dos juros, mas comunicar a sua determinação em controlar a inflação.