O título podia ser outro. O Presidente vai nu. Mas a componente institucional é superior ao titular. De António Costa nada é preciso dizer. Há muito que vai nu. O que lhe importa é a imagem. A realidade é irrelevante. Nesse ponto, a propaganda e a popularidade, Marcelo e Costa são gémeos bivitelinos. Mas Marcelo é o presidente das distracções, conivente com todo o estilo de escândalos até que a sua popularidade seja afectada. Aí, e só aí, actua e fala com a acutilância devida. Entretanto, Tancos, os incêndios de 2017, um homicídio às mãos de agentes do SEF, a negociata entre PS e PSD das CCDRs num simulacro de eleições, as mentiras governamentais para a escolha de um procurador para a procuradoria-geral europeia, ocorreram sem que nenhuma responsabilidade política fosse exigida ao Governo. Estamos condenados aos afectos, selfies, beijinhos e a mais endividamento. De facto, quem vai nu é o país. Despido e desprotegido no meio duma pandemia e do frio. E como Marcelo acha que é o país e cada um de nós, Marcelo vai nu.

Pela primeira vez, Marcelo Rebelo de Sousa foi inequivocamente confrontado com o que andou a fazer enquanto Presidente da República. Com elevação, Tiago Mayan Gonçalves foi colocando o dedo nas várias feridas de uma presidência desperdiçada. E doeu ao Presidente. Porque as críticas certeiras doem.

Marcelo Rebelo de Sousa acha que passar um cheque em branco ao Governo foi uma boa ideia. Mas não foi. O Governo, por puro preconceito, não usou desde sempre toda a capacidade de saúde instalada em Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa pergunta qual seria o saldo de mortes sem o Estado de Emergência? Mas não se interroga sobre o impacto no saldo de mortes resultante da relutância governamental em envolver os sectores social e privado da saúde no combate à pandemia. Também não questiona as medidas avulsas, infundamentadas, desproporcionais e incompreensíveis, como as que provocaram enchentes nos supermercados, tomadas pelo governo. Nem tampouco quer saber da manifesta incapacidade do governo para definir critérios para aplicação e levantamento de restrições. O Portugal dos milagres é que é bom.Praia, banhos e, sobretudo, a partilha de minis e de bolas de Berlim com perfeitos desconhecidos. Não há nada como a popularidade da máscara abaixo do nariz. Confrontado com isto que fez Marcelo Rebelo de Sousa? Atacou as ideias do candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, reiterando a sua vontade de passar cheques em branco.

E assim fez. Com mais um endosso presidencial, irresponsável, refira-se, ao governo, foi-nos imposto um novo confinamento com algumas diferenças relativamente aos anteriores. As escolas não encerraram. Mas os ATLs privados, e apenas os privados, fecharam. Desta vez há mais excepções do que regras. Demasiadas contradições que, estranhamente para o Governo e o Presidente, as pessoas não compreendem. Depois da novela do teste, reteste e volta a testar que deu negativo, negativo, positivo, negativo, seja lá o que for, o candidato incumbente, assintomático, afirmou que os portugueses não entendem a necessidade de confinamento e apelou ao cumprimento das regras. Onde foi feito esse apelo? Em casa? Não. No Palácio de Belém? Não. Num Lar no Barreiro! Ou seja, fora de casa, enquanto aguardava o resultado de um teste à covid-19, Marcelo pediu aos portugueses para cumprirem o confinamento. Haverá em Portugal quem faça mais pelo descrédito das recomendações da DGS?

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Portugal está estagnado há décadas. O elevador social não funciona. Portugal corre o risco de ser o país mais pobre da Europa. Mas o Presidente da República não está preocupado. Não está nada preocupado. Vem aí a bazuca europeia, a tal que Marcelo Rebelo de Sousa diz desconhecer o que é. Porém, não estamos a falar em ganhar o Euromilhões. Uma parte substancial do dinheiro europeu terá de ser pago de volta. E a parte que não temos de devolver tem de ser bem aplicada. Logo, não pode ser gasta na habitual magia do desaparecimento, como na TAP, por exemplo. Assim é indiscutível que ambos, o Presidente e o candidato Marcelo Rebelo de Sousa, são crentes devotos na fatalidade da pobreza, condição que só se resolve através da pedinchice externa. O Euromilhões tem várias formas. Para o nosso Chefe de Estado é uma mão estendida para lá das fronteiras. Marcelo Rebelo de Sousa chama a isto “confiar nos portugueses”. Nada está mais longe da verdade.

As políticas liberais têm sido o motor de desenvolvimento um pouco por todo o mundo. A democracia liberal, a economia de mercado, o Estado de Direito, os apoios sociais inteligentes, a regulação independente, a liberdade de escolha nos serviços sociais, todos ajudam a promover o desenvolvimento sustentável e o progresso material das pessoas. Mas Marcelo Rebelo de Sousa desdenha estas políticas, agarrando-se ao modelo económico que tem paralisado Portugal.

Votar Marcelo é votar Costa. Votar Marcelo é impedir a mudança. Votar Marcelo é aumentar a pobreza. Marcelo poderá ser o Presidente do país mais pobre da União Europeia. E este vai ser o seu legado. Marcelo jamais deixará de ir nu.

Há uma alternativa a tudo isto. Uma opção para um Portugal melhor. Votar Tiago Mayan!