Em Maremoto político I abordei as causas do maremoto político que varreu o Governo de Portugal e o verdadeiro estado, para lá de toda a propaganda em que o PS deixa o País.
Mas o que já foi, já foi, “chorar sobre leite derramado” nunca valeu a pena e o essencial, agora, é saber que Portugal queremos, cada um de nós, ajudar a construir a partir de 10 de março.
É fundamental que cada um dos portugueses maiores de 18 anos saiba que a sua capacidade de voto conta, que o quadrado onde coloca a cruzinha, no boletim de voto, pode ser um fator decisivo, não só para a sua vida, como para a de todos os outros portugueses e residentes.
Votar não é só um direito. É um dever de cada um de nós. Se nos alheamos do destino do País, se não queremos saber de quem nos vai governar e definir as políticas que balizam a forma como vivemos, estamos a ser irresponsáveis. A liberdade só existe com responsabilidade.
Deixarmos a tarefa de escolher aos outros é prescindir da nossa liberdade e é não saber lidar com a responsabilidade que nos é exigida.
A questão terá de ser não se cada um de nós vota, mas em quem vota.
Em primeiro lugar, uma convicção minha, de sempre: o único voto útil que existe é o voto no partido com cujas ideias e propostas mais nos identificamos, nas quais mais nos revemos. Creio que é impossível concordar a 100% com as propostas de qualquer partido, ou com as pessoas que lideram esse partido e que lhe dão rosto.
Mas só devemos votar nas ideias em que verdadeiramente acreditamos. Votar na aritmética, votar em função das mentirosas sondagens, votar em cenários e calculismos de apoios e coligações, é o maior erro que podemos cometer.
Olhando apenas para os partidos que têm atualmente representação parlamentar, e incluindo no grupo também o CDS, que historicamente a sempre teve e creio que voltará a ter agora, as opções são mais ou menos claras.
Desde logo, temos de referir o PS, que governou Portugal em 21 dos últimos 30 anos, primeiro com Guterres, que fugiu quando já nos afundávamos num pântano, depois com Sócrates, que nos deixou a bancarrota, e agora com Costa, que governou primeiro com a extrema-esquerda e depois desbaratou por completo uma maioria absoluta, por manifesta incompetência.
O legado destes anos de governação PS é catastrófico, com o País a marcar passo, economicamente estagnado, a ver todos os países que, entretanto, entraram na União Europeia a ultrapassar-nos pela esquerda e pela direita. O PS não distribuiu a riqueza, porque nunca quis que esta se criasse, especializou-se antes em generalizar a pobreza, até ao ponto em que estamos, em que tudo o que é serviço público está em colapso.
Depois, temos PCP e BE, antes apenas partidos de protesto, trasvestidos em partidos de “arco da governação” por truques de magia da geringonça de Costa, e agora de novo remetidos à sua natureza. Se querem viver numa sociedade ainda com mais peso do Estado, tributária do comunismo agonizante, inimiga da geração de riqueza e da liberdade e prosperidade dos indivíduos, “woke”, militante do conflito social e das causas fraturantes e incapaz de críticas a Putin, Maduro, Lula, ou mesmo ao terrorista Hamas, podem votar num destes partidos. Eu sei que não vou por aí.
O PAN é um partido animalista e pouco mais. Gosto muito de animais, mas qualquer partido pode incluir no seu programa político medidas que dizem respeito a estas matérias. Haver um partido com representação parlamentar que tem como única bandeira distintiva esta causa é “como o Melhoral, não faz bem, nem faz mal”. Muito pouco, ou nada, para que mereça um voto.
O Livre é, até mais ver, basicamente Rui Tavares. Um partido simpático, que se move, na esfera ideológica, entre o PS e o BE e se poderia unir com qualquer um deles. Rui Tavares é uma figura simpática, tem um discurso culto e inteligente, mas que vale mais do que o partido pelo qual foi eleito.
O mesmo vale para André Ventura, descontando o discurso culto e inteligente. Não que Ventura não o seja, mas o discurso do Chega é básico, chegando a ser boçal e rasteiro. Ventura é o Chega, o Chega é Ventura, e tudo o resto, à volta dele, é deserto. A esquerda insiste na diabolização do Chega, faz parte da sua estratégia, e compreendo que o faça. Mas para quem disputa diretamente o voto dos portugueses com o Chega, o discurso da diabolização não serve. O que tem de ser dito e demonstrado, sem cessar, é o vazio de ideias do Chega. Não tem uma visão integrada do País, não se entende o que quer e o que defende, é um partido que vive às cavalitas do “querido Líder”, que é capaz de dizer de manhã uma coisa tonitruante, e à tarde, exatamente no mesmo tom grandiloquente, o seu contrário.
O Chega é um balão que se vai enchendo ao sabor do descontentamento dos portugueses e da descredibilização da classe política. Mas não apresenta uma única solução para o País, para as pessoas, para os portugueses. Fica-se pelas frases feitas e vazias, proferidas com a mesma intensidade e convicção de quem nega um lance claro de penalty.
O CDS. A democracia cristã tem o seu espaço em Portugal. A doutrina social da igreja faz sentido. O conservadorismo nos costumes também encontra eco nalguns sectores da sociedade portuguesa. O regresso do CDS à Assembleia da República faz sentido, mas, para ser politicamente relevante, terá de se assumir como algo de diferente do que aquilo que o condenou à travessia do deserto: ser a eterna muleta do PSD.
PSD, o até hoje “maior partido da oposição”, o partido que integra o conceito de “bloco central”, que tem vivido em alternância governativa com o PS, e que tem o mesmo tipo de políticas e práticas estatizantes e de povoamento da coisa pública pelos que fazem parte do “apparatchik”. Um partido que não é menos da “situação” que o PS, e que também é responsável, ainda que em menor escala, ou por menor tempo “em funções”, pelo modelo de desenvolvimento económico que nos trouxe até aqui e que falhou redondamente.
Nenhum português que não pertença ao clube de fãs do PSD acredita, em consciência, que o PSD fará muito diferente do PS. São farinha do mesmo saco.
Para os que acreditam que os portugueses têm força criadora, capacidade quase inigualável de sacrifício e de trabalho, que é possível libertar os portugueses que empreendem e que trabalham das garras sufocantes do Estado, que em tudo se imiscui e que tudo quer controlar, só há uma possibilidade de voto verdadeiramente transformadora. Iniciativa Liberal.
É possível e desejável conciliar esta libertação do Estado com a garantia de acesso de todos, sem exceção, ao mínimo de dignidade humana, que garante a liberdade individual: educação, saúde, segurança, justiça e habitação.
A Iniciativa Liberal tem até 10 de março para dizer aos portugueses como o vai conseguir. Como vai conseguir reduzir a receita por via da redução de impostos, e em quanto, e onde reduz em igual ordem a despesa, sem desmembrar o Estado social de que os portugueses, devido à pobreza a que o socialismo os conduziu, não podem abdicar. É necessário quantificar tudo isto, para que seja credível, para que os portugueses entendam. Sim, é possível.
A Iniciativa Liberal nunca governou, não tem qualquer responsabilidade em relação ao estado a que o Estado chegou.
Tem de ter propostas em todas as áreas essenciais à vida dos portugueses. Já as apresentou na Saúde, na Habitação, no Fisco e em muitas outras áreas. Mas nenhuma pode ser descurada.
A justiça, a educação, a segurança, a demografia com envelhecimento acentuado da população, a sustentabilidade, a defesa nacional, as relações externas e negócios estrangeiros – num plano geoestratégico mundial cada vez mais conturbado e complexo – as alterações climáticas, a economia e os setores produtivos, com o foco fundamental na prosperidade da Nação e das pessoas…
Tudo tem de estar previsto. Porque a Iniciativa Liberal deve ter a ambição de ser Governo. De governar Portugal. Porque é um imperativo nacional. Portugal e os portugueses precisam dum governo liberal.
O desafio é enorme. No dia 10 de março, os portugueses vão ter de saber que só um voto vale esperança. Só um voto vale mudança. Só um voto vale melhor. Só o voto na Iniciativa Liberal vai trazer mais prosperidade e mais liberdade a Portugal.