Num mundo cheio de fragilidades, indignações, micro-agressões e gestos simbólicos a toque de caixa de hipócritas e imbecis, é tempo das pessoas de bem também se indignarem e dizerem basta. Recordar aos que se manifestam um pouco por todo o lado que se não fosse Churchill a combater e a vencer os fascismos estariam a lamber botas cardadas ou a fazer sabonetes (como ingrediente e não como operários) às mãos de Nazis ou de Comunistas, talvez seja inglório porque difícil de perceber por cérebros de um só neurónio. Porém, a ignorância da turba não deve — não pode — inibir a sensatez, calar os sentidos, adormecer a inteligência e matar a coragem dos outros; nós.

É escusado virem invocar os bons propósitos de tantos, que em nome do óbvio ululante combate ao racismo, essa outra manifestação abjecta de menoridade intelectual e de enormidade maldade, estiveram presentes nessas manifestações para justificar agora os porcos. Porque um porco, ainda que de pérolas ao pescoço, será sempre um porco. Um racista com um cartaz a dizer não ao racismo será sempre um racista. Um criminoso com uma farda será sempre um criminoso. Um canalha com um cartaz a dizer que o único polícia bom é o polícia morto será sempre um canalha.

Não são, portanto, as manifestações com a nobreza da causa anunciada — o combate ao ódio — que estão em causa, mas antes as verdadeiras motivações — a expressão do ódio — de quem delas se quer apropriar.

Churchill disse um dia à sua mulher Clementine que não gostava tanto de cães, que nos olham de baixo, nem de gatos, que nos olham de cima, como de porcos, que nos olham de igual para igual. Churchill ou estava enganado ou estava dramaticamente certo. Isto, porque os porcos transformam tudo em pocilga, e pocilga é aquilo em que o espaço público se está a transformar.

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Os extremistas de esquerda e de direita que elevam a voz, esticam os braços (de punho cerrado ou palma da mão estendida) e ganham cada vez mais espaço e poder nas nossas sociedades têm o propósito de as destruir, aniquilando-as para sempre, aniquilando o outro. Talvez valha a pena lembrar aqui, mesmo àqueles que se acham apoiados nas causas, que numa deriva de desordem e de destruição e numa escalada de violência, os outros somos todos. Portanto, para os de esquerda que vão com os antifas combater os fascistas  e para os de direita que vão com os fascistas combater os antifas, é bom que tenham isso presente: no final não sobreviverão. No final não sobreviveremos como nos conhecemos.

Depois de tanto dislate, chegaram agora a Churchill, personificação da tradição democrata anglo-americana e expoente maior da defesa da Liberdade. É a ordem democrática e liberal que esta gente quer destruir. É a civilização do bom, do belo e do justo que querem substituir pelo mau, o feio e o tribal. Em favor das ditaduras do proletariado (indo buscar o dinheiro onde quer que ele esteja e condenando empresários), ditaduras de desocupados okupas (ocupando casas alheias, destruindo propriedade privada e atacando senhorios por cobrarem rendas), ditaduras de gosto (algemando compulsivamente toureiros e proibindo hábitos alimentares), ditaduras racistas (segregando comunidades étnicas), ditaduras da estupidez (suprimindo os sábios do passado e atacando os polícias). E mais, e mais, e mais.

Volto aos que se deixam ir para as trincheiras dos anti. O bom combate deixa de o ser quando em nome de uma boa causa mergulhamos nos mesmos métodos opressores e violentos que condenamos, usando os de sinal contrário. Pensam que em face de tanta ignomínia o sangue não me ferve também e os nervos não me pulsam mais forte? Basta ler o que acabei de escrever, para saberem que sim, mas o bom combate não se trava com más armas. Trava-se na defesa intransigente da democracia e da liberdade. E, olhando o mundo, é ilusório pensar — apesar do ruído ensurdecedor — que isto é entre a esquerda e a direita. Isto é entre a civilização e a barbárie.

Conservadores, liberais, democratas-cristãos, sociais-democratas, socialistas democráticos, todos os moderados, vão continuar a olhar para o lado? Talvez quando virarem o olhos, a vossa cegueira e a destruição à vossa volta sejam irreversíveis. Porque se Roger Scruton tem razão em muitas coisas, tem uma razão hoje particularmente oportuna quando nos diz que as coisas admiráveis são facilmente destruídas, mas não são facilmente criadas. Isso é verdade, sobretudo, em relação às boas coisas que nos chegam como bens coletivos: paz, liberdade, lei, civilidade, espírito público, a segurança da propriedade e da vida familiar, tudo o que depende da cooperação com os demais, visto não termos meios de obtê-las isoladamente. E isto, é o que hoje está em causa e cada vez mais ameaçado no Ocidente.

Winston, meu velho, no que depender de mim, não te deixarei morrer.