Os gregos tinham os deuses do Olimpo. Nós temos os deuses socialistas, com uma governação verdadeiramente mitológica. Não existe. Sabem o que é que incomoda mais António Costa? A realidade. A realidade não condiz com o país faz de conta onde Costa vive. Quem ouve os socialistas fica com a ideia de que não há problemas em Portugal. E se existirem, não é culpa deles. Nem Marcelo Rebelo de Sousa olha tanto para a popularidade. E é a mentira que garante a aprovação nas sondagens.

Nem o melhor SNS do mundo compensaria os erros do pior governo do mundo. Não me refiro apenas à incapacidade de gestão efectiva, demonstradas pela crença da impossibilidade de o vírus chegar até cá, ou na fé nos milagres do Verão passado. Saliento, especificamente, a opção pelas sucessivas mentiras do Primeiro-Ministro e dos restantes ministros, seja por acção ou por omissão, a respeito do investimento no SNS. A propaganda do que é orçamentado não corresponde à realidade do que é executado. Entre 2015 e 2019, a diferença foi de 601 milhões de euros. E nem o famoso aumento de 800 milhões de euros representou um acréscimo de recursos financeiros na saúde.

Sim, sou liberal e não tenho qualquer problema em dizer que o SNS é um dos melhores do mundo. Os liberais não são contra o SNS em favor dos privados. O que defendem é uma concorrência entre ambos. Se, num contexto concorrencial, o SNS prestar melhores serviços do que os privados, nada a dizer, melhor será para os portugueses. O que interessa, é que haja liberdade de escolha. E relativamente aos profissionais do SNS, devemos reconhecer que são incansáveis e irrepreensíveis, dotados de  uma dedicação a toda a prova, digna do respeito de qualquer pessoa. Infelizmente, o Governo é o primeiro a desrespeitar o esforço destes extraordinários profissionais.

A 15 de julho do ano passado, António Costa afirmou que Portugal não aguentaria outro confinamento tão duro e, como tal, era necessário preparar o Inverno. Imaginem o que seria se o Inverno não tivesse sido preparado? Sei lá. Talvez 14 mil casos novos e 200 mortos ou mais por dia? A 21 de dezembro, devido à estirpe inglesa que o Governo agora diz que desconhecia, foi imposto teste negativo obrigatório a viajantes do Reino Unido. Entre 24 e 31 de janeiro, morreram 2288 portugueses com Covid. Um retrato do país hoje. Vai ficar pior. Infelizmente. Tudo gerido por um Governo que mente. Mente compulsivamente, incapaz de aceitar qualquer observação ou crítica por mais construtiva que seja. Mente sem nunca assumir qualquer responsabilidade. Seja do que for, seja onde for. E será neste registo que a governação continuará.

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Hoje, o descontrolo é enorme. Até a task force das vacinas precisa duma task force para fazer com que os prioritários sejam vacinados. Hoje, depois de anos a ver jovens médicos e enfermeiros a emigrar, o SNS importa médicos e exporta pacientes. Hoje, admite-se que o estado de emergência possa ser prolongado até ao Verão.

Que haja quem apoie o Governo não me admira. O que me espanta, perante a evidência do falhanço da gestão de António Costa, é o silêncio generalizado dos socialistas. Contudo, em boa verdade, tal não é surpreendente. O PS está quase como o PCP no que respeita ao pluralismo interno. São poucos aqueles que questionam o líder do partido porque o silêncio compra lugares elegíveis na próxima eleição ou outros de nomeação. Como tal, não há pressão interna para fazer melhor. Para azar do país, este compadrio silencioso que grassa no PS também revela a fibra dos futuros líderes socialistas, potenciais futuros governantes.

Olhem para os jovens deputados socialistas. Novos em idade, mas já cheios de vícios como velhos socialistas. Ponham os olhos em Maria Begonha. Alguém que aos 32 anos já tem um longo cadastro de episódios menos transparentes é essencial para o futuro do PS. O compadrio fica assegurado. Também por essa razão é imprescindível que Begonha seja vacinada. Como pode o socialismo sobreviver sem pessoas que nunca tenham feito nada na vida para além de trabalhar no Estado?

A ética não depende dos partidos, mas das pessoas. Pode ser incentivada pelos comportamentos de outros, principalmente daqueles que são líderes, como António Costa. Porém, Costa mente mais do que Sócrates mentia e é do conhecimento público que os líderes socialistas preferem a legalidade à ética. Já o demonstraram muitas vezes. Curiosamente, nos casos de Natividade Coelho e  de José Calixto nem sequer é observada a legalidade.

Mas há quem privilegie a ética. Adalberto Campos Fernandes é um exemplo. Todavia, foi corrido do Governo. Natividade Coelho e José Calixto deviam ter sido publicamente repreendidos e perdido a confiança política do PS. Mas como diariamente assistimos às mentiras do Governo, este tipo de abusos vão continuar a verificar-se impunemente.

Mas não se preocupem. Teremos sempre as imagens de António Costa a receber o avião com os ventiladores e as selfies de Marta Temido com as vacinas.

Assim, apesar do SNS merecer muito mais, certeza, certeza, só a continuação da desorientação do Governo.