Nos últimos dias temos assistido ao desenrolar da História diante dos nossos olhos. O grupo terrorista Hamas lançou o maior ataque ao Estado de Israel dos últimos 30 anos. Ataque que tem resultado num autêntico flagelo humanitário, contando já com um número elevado de vítimas quer do lado israelita, quer do lado palestiniano.
À luz desta ofensiva, perpetrada por uma reconhecida organização terrorista, Portugal não pode ficar impávido e sereno. É natural que, enquanto Estado de Direito Democrático pertencente à civilização ocidental, mostremos solidariedade para com as vítimas e condenemos o Hamas. Não há espaço para tibiezas ou tons de cinzento. O Hamas é um grupo terrorista islâmico radical que visa, não apenas a destruição total do Estado de Israel, mas também a aniquilação de toda a nossa civilização ocidental e modo de vida. A própria Autoridade Nacional Palestiniana, organismo reconhecido internacionalmente como o legítimo representante da Palestina, não reconhece e condena o governo do Hamas em Gaza. Se até os principais e legítimos defensores da causa palestiniana não têm dúvidas em classificar o Hamas como um grupo terrorista radical, porque é que somente uma certa esquerda ocidental pseudo-moralista parece continuar a negar o evidente?
A resposta pode estar num profundo sentimento de tribalismo político, alimentado por um certo “anti-americanismo” primário que tolda a realidade do lado esquerdo do espectro. De nada serve condenar os abusos da política de defesa de Israel se depois se regozija com um ataque terrorista atentatório dos Direitos Humanos e das soberania de um Estado. Foi esta hipocrisia que marcou a acção (ou a inacção) do PCP aquando da invasão russa à Ucrânia. É esta hipocrisia que leva os militantes do Bloco de Esquerda a ir para a rua celebrar o ataque do Hamas, ao mesmo tempo que bradam “Free Palestine” de bandeira LGBT na mão (escusado será dizer que caso um militante do Hamas os apanhasse num acto dessa natureza, não iria propriamente oferecer uma caixa de bombons, mas sim de bombas). Foi também esta hipocrisia que levou o antigo presidente da Câmara de Cascais, José Luís Judas, a assinar com representantes do Hamas um acordo de geminação de Cascais com Gaza, a 31 de Março de 2000.
Estes casos de hipocrisia crónica devem ser veementemente denunciados por parte da Direita Democrática. No concelho de Cascais, a estrutura local da Juventude Popular já apresentou ao poder autárquico um apelo para que, à luz deste ataque, a geminação de Cascais com Gaza seja suspensa o mais rapidamente possível. Cascais é governado, desde 2001, por um executivo de centro-direita (PSD-CDS), como tal não se justifica que nenhuma acção de condenação a este ataque seja tomada. Aquando da invasão russa à Ucrânia, Cascais e os cascaenses deram o exemplo. Cascais foi dos municípios portugueses que mais refugiados ucranianos acolheu, tendo também enviado ajuda humanitária e assinado um acordo de geminação com as cidades mártires de Bucha e Irpin.
Não há qualquer motivo para que Cascais não seja também farol nesta situação. É fundamental que, em nome dos Direitos Humanos, Cascais suspenda a geminação com Gaza, enquanto este território se encontrar sob o jugo de uma organização terrorista. Este apelo não se trata de preferir um dos lados do conflito, pelo contrário. A principal vítima do Hamas é o próprio povo de Gaza, que se encontra, há décadas, à sua mercê. Por isso, não apelamos ao fim da geminação, mas à sua suspensão. Com esperança que esta seja retomada assim que Gaza se libertar das garras do Hamas, para que os nossos municípios possam, assim, partilhar uma história comum.
A prática de suspender geminações não é coisa alienígena, tampouco inédita no nosso país. A título de exemplo, perante a invasão da Ucrânia pela Rússia, os municípios de Coimbra e Évora suspenderam as geminações que mantinham com as cidades russas de Yaroslavl e Suzdal, respectivamente.
Aberto o precedente, torna-se natural e obrigatório que Cascais não adie os seus valores e suspensa imediatamente a geminação com Gaza. Contra o terrorismo do Hamas, em nome dos Direitos Humanos, em nome da Democracia, em nome da Liberdade!