Para o próximo ano, 2025, o parlamento da Rússia alocou uma quantia recorde para o financiamento de canais de televisão estatais, media e projetos de propaganda na internet: 1,25 mil milhões de euros.
Na prática, isso significará um aumento nos artigos e opiniões de “especialistas independentes” nos países da UE, argumentando que a Ucrânia está a perder a guerra e que o regime de Putin tem o direito de existir como um equilíbrio de paz em um novo confronto civilizacional.
Muitos desses “agentes do Kremlin” já foram identificados na sociedade portuguesa por sua posição unilateral pró-Rússia. No entanto, como dizia o mestre da “lavagem cerebral” e da propaganda, J. Goebbels: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade.” Aqui, a tática de Moscovo não difere da utilizada na linha de frente na Ucrânia, onde os militares russos e norte-coreanos realizam ataques frontais em massa, apesar das perdas colossais. “Carne de canhão”, assim como dinheiro para propaganda, nunca foram poupados em regimes totalitários.
Quanto à responsabilidade dos autores portugueses que, de fato, justificam os crimes russos na Ucrânia ou contribuem para sua execução, só podemos apelar para conceitos abstratos como consciência ou moralidade, que, para eles, parecem não ter qualquer valor.
No geral, é difícil, hoje, encontrar alguém nos países da UE que não condene a agressão russa. As imagens das consequências dos ataques de mísseis, cidades e vilas destruídas, militares e civis executados e torturados são emocionalmente difíceis de processar para qualquer pessoa com uma mente sã. Contudo, isso reflete apenas o método cinético da guerra, as ações militares diretas.
É natural que todos queiram pôr fim a esse sofrimento humano o mais rápido possível, mesmo que ele ocorra a milhares de quilómetros de distância, em outro país. Mas a guerra não se resume apenas a combates. As consequências do método não cinético, que inclui a guerra de informação por meio da propaganda, exigem muito mais esforços para serem combatidas, e frequentemente esse aspecto na guerra representa mais de 80%. Às vezes, toda a estratégia de confronto é construída exclusivamente sobre o método não cinético.
Na verdade, a única explicação racional para Putin ter iniciado a invasão em larga escala da Ucrânia três anos atrás é sua falsa convicção de que os ucranianos não ofereceriam uma resistência tão forte em nível de toda a sociedade. Considerando sua idade, ele não tinha muito tempo para uma longa estratégia de controle político sobre a Ucrânia e, como paranoico, quis tudo e imediatamente.
Contudo, como resultado de suas ações, tanto a Rússia quanto o Ocidente se encontram em uma posição sem compromissos. Ou o regime político na Rússia mudará, ou as fronteiras na Europa começarão a mudar.
Do novo orçamento aprovado pela Rússia para o próximo ano, fica claro que a Rússia aceita esse desafio e, para isso, não é necessário usar armas nucleares.
Em outubro de 2023, Putin declarou que a Rússia tem muitos amigos na Europa. Segundo ele, no Ocidente também há um grande número de defensores dos valores “tradicionais”, que concordam com a posição ideológica de Putin.
A questão que se coloca é: estão os países da UE preparados para esta guerra ou cederão pouco a pouco seus territórios à Rússia, como os “amigos do Kremlin” recomendam aos ucranianos agora?