Segundo o horóscopo chinês no dia 1 de fevereiro de 2022 entraremos no ano do Tigre.
É, segundo a tradição, um ano marcado por grandes mudanças e imprevisibilidade. E, de facto, os acontecimentos que marcaram o final de ano e que terão desenvolvimentos neste ano, representam riscos diametralmente opostos para a economia mundial.
Do lado negativo, o fator que pode gerar mais incerteza para a recuperação económica global continua a ser um problema de oferta, que resulta em parte dos confinamentos, mas também de fatores estruturais mais persistentes. Desde logo, a falta de investimento nas infraestruturas de gás e de petróleo, ainda sem haver a possibilidade de estas energias fósseis serem inteiramente substituídas por energias renováveis, continuarão a fazer subir os preços energéticos, que atualmente se encontram em níveis máximos.
Na Europa, a tensão crescente com a Rússia, poderá contribuir para uma subida ainda mais rápida dos preços do gás. Mas mais grave poderá ser a desestabilização política que um potencial conflito na Ucrânia causará em toda a região, em termos não só económicos, mas também humanitários.
Outro fator estrutural relevante, que poderá tornar-se mais óbvio em 2022, é a possibilidade de a China desacelerar nos próximos anos mais do que se antecipa. Durante as últimas décadas a China beneficiou de importantes reformas económicas iniciadas pelo Presidente Deng Xiaoping nos anos 80 e com a abertura ao comércio mundial através da Organização Mundial do Comércio em 2001. Mas os benefícios dessas reformas podem estar a esgotar-se, ao mesmo tempo que a população diminui, a dívida sobe e em alguns casos se revela insustentável, e a tensão política com os países ocidentais aumenta. Para continuar a crescer a um ritmo acelerado a China precisa de novas reformas, por exemplo a nível da mobilidade interna, o que se afigura improvável. Assim, não se pode excluir que o pico de crescimento da China já tenha ocorrido, o que poderia afetar as cadeias de produção globais, no caso de haver uma redução do crescimento da produtividade.
Mas 2022 também poderá registar algumas surpresas positivas. É possível que o pior da pandemia esteja já muito perto. A nova variante parece ter um efeito menos gravoso nos internamentos e mortes, embora ainda não seja claro que esse efeito resulte principalmente da taxa de imunização já patente na população obtida, seja através das vacinas, seja por via da infeção com as anteriores variantes. No entanto, não é de excluir que possa aparecer outra variante mais “virulenta”, sobretudo nas regiões do mundo em que há uma menor taxa de vacinação.
Este ano poderá ser também o início de uma transição energética mais rápida, incentivada pela subida dos preços das energias fósseis. Essa substituição de fontes energéticas, é não só positiva para a sustentabilidade, como também positiva em termos de preços.
Depois do Brexit, da pandemia e do afastamento dos EUA de diferentes acordos de comércio e de investimento, este ano poderá também marcar a retoma do comércio mundial. As negociações entre a Europa e os EUA no âmbito do Comércio e Tecnologia que teve início no ano passado poderá reforçar a troca e produção de bens tecnológicos como os microchips e criar um ambiente mais favorável para reforçar os laços comerciais entre as duas regiões.
Estes são apenas alguns fatores que poderão marcar o futuro mais próximo. Mas previsões para 2022, como no futebol, só mesmo depois do jogo.