A guerra na Ucrânia permitiu-nos entender várias coisas. Que Putin nunca deixou de ter pretensões imperialistas. Que é altura de a Europa fazer-se uma mulherzinha e tratar mas é de rearmar-se até aos dentes. E que o nosso Primeiro-Ministro é um Salta-Desculpinhas. Que é uma espécie de Salta-Pocinhas, aquela raposa matreira que rouba aos ricos para alimentar a família. A única diferença é que António Costa, nada ficando a dever ao referido canídeo em termos da matreirice, esmifra impostos aos portugueses remediados para alimentar a família socialista.

Isto para dizer que a guerra na Ucrânia será, estou certo, um novo maná para o governo socialista que tomará posse, eventualmente, um destes dias. Depois do Passos e da COVID, eis que surge um conflito como não se via desde a Segunda Guerra Mundial, mesmo óptimo para ser usado como desculpa para tudo o que correr mal daqui para a frente. Entre 2015 e 2019 o Salta-Desculpinhas atribuiu as culpas da implementação do plano negociado com a troika pelo PS, para nos salvar da bancarrota provocada pelo PS, ao Passos. Em 2020 e 2021, o Salta-Desculpinhas saltou d’a culpa é do Passos para a culpa é da COVID. Agora, a partir de 2022, e sabe-se lá até quando, está-se mesmo a ver o Salta-Desculpinhas a pular d’a culpa é da COVID para a culpa é da guerra na Ucrânia.

Começando já por esta delícia de aumentos no preços dos combustíveis. Mas como assim – perguntam vós –, se os preços dos combustíveis começaram a aumentar, à bruta, muito antes da invasão da Ucrânia? Eh pá, não interessa e calem-se. A culpa é da situação na Ucrânia. Tal como em 2020 e 2021 a culpa do tempo de espera para uma cirurgia às amígdalas ter passado de três anos para espere o tempo necessário até lhe diagnosticarem Alzheimer e vai ver que nunca mais se lembra das amígdalas foi exclusivamente da COVID. E jamais das cativações do Centeno no SNS, ou da semana de trabalho de 35 horas para a função pública.

O que interessa é que António Costa, desculpem, o Salta-Desculpinhas garantiu que “não haverá falta de nenhum bem essencial nos próximos tempos”. Garantia a que se seguiu, mesmo muito de perto, a notícia que Continente, Mercadona, Makro e Pingo Doce vão racionar a venda de óleos alimentares. A fazer lembrar quando, em Março de 2020, o nosso Primeiro-Ministro afiançava que “até agora não faltou nada no SNS e não é previsível que venha a faltar”. Enfim, ele teve o cuidado de usar um “previsível”. Foi uma mera previsão. Digamos que se António Costa, em vez de liderar o governo liderasse o IPMA, era menino para prever céu limpo e temperaturas a rondar os 40º para o dia inaugural de uma nova idade do gelo.

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Tudo somado, o Salta-Desculpinhas leva já seis anos a pular de desculpa em desculpa. Se entretanto o Putin se lembra de invadir uma Letónia, ou uma Estónia, ou coisa que o valha, temos material suficiente para o Salta-Desculpinhas passar alguns 10 anos na chefia do governo sem assumir responsabilidades uma única vez. Só a inventar desculpas. Desconheço se dá para registar a autoria de desculpas, mas se der António Costa fica com mais patentes que o Thomas Edison.

Quem teria imenso a aprender com Costa no que a inventar desculpas diz respeito, é o Bloco de Esquerda. Vinham mesmo a calhar, umas desculpas, por muito esfarrapadas que fossem, para justificar o despedimento selvagem de vários funcionários do partido, não era? Pois não vos farei esperar mais. Aqui deixo, não uma, mas duas desculpas bem esfarrapadas para o Bloco.

Um das desculpas esfarrapas, a que decidi chamar “Primeira Desculpa Esfarrapada”:

Tenham paciência, mas não estamos a violar os nossos princípios aos despedir-vos de forma selvagem. Pelo contrário. Como sabem, nós aqui no BE sempre fomos contra o euro. Acontece que não se vislumbra a saída de Portugal da zona euro. Por isso decidimos que se Portugal não abandona a zona euro, devemos dar nós o exemplo fazendo desaparecer tudo o que é euro da zona. E ficámos sem dinheiro para vos pagar. Adeusinho, foi um gosto, e voltem sempre. Sempre que quiserem trabalhar de borla como voluntários.

A outra desculpa esfarrapada, que optei por apelidar de “Ainda Mais Soberba Desculpa Esfarrapada”, é esta:

Não, reparem. É verdade que não vos podemos despedir por justa causa. Mas concordarão que nós aqui no BE, sejamos francos, defendemos princípios mesmo muito fraquinhos. Isto é, não sendo defensável despedir-vos por justa causa, despedimo-vos por defenderem causas parvas. Boa?