Com a nomeação cardinalícia de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, Portugal passa a ter quatro representantes no sacro colégio, muito embora só dois sejam eleitores num próximo conclave. Com efeito, D. Manuel Monteiro de Castro, ex-núncio apostólico em Madrid, e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da congregação para as causas dos santos, não participarão num próximo conclave, por já terem completado os oitenta anos. Mas D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e actual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, bem como o recém-criado membro do colégio cardinalício, serão, em princípio, eleitores do próximo papa.
Se, até para o próprio D. António Marto, foi uma enorme surpresa a sua nomeação como cardeal, maior o foi para todos os católicos portugueses, não porque houvesse qualquer dúvida quanto às qualidades que concorrem na pessoa do actual bispo de Leiria-Fátima, mas porque nunca, até à data, o titular desta sede episcopal tinha sido honrado com uma tal distinção. Por outro lado, sabendo que é vontade do Papa Francisco internacionalizar o colégio cardinalício, nomeadamente diminuindo a percentagem dos cardeais europeus, nada fazia supor que Portugal, que já tem, na pessoa do patriarca de Lisboa, um cardeal eleitor, viesse a ter mais um membro no sacro colégio. Por último, do ponto de vista da hierarquia eclesiástica, seria mais lógico que essa honra distinguisse uma sede metropolitana, como Braga ou Évora, cujos titulares são, por esse motivo, arcebispos. Ou então que fosse elevado à condição cardinalícia o bispo da segunda maior cidade do país, o recentemente nomeado bispo do Porto.
A nomeação de D. António Marto obedece a uma intenção dos últimos pontífices e a que o Papa Francisco tem sido particularmente sensível: adaptar o colégio cardinalício à realidade e às necessidades da Igreja universal, não só por via de uma maior representatividade do episcopado mundial, mas também pela nomeação de individualidades mais marcantes na vida e actividade eclesial. Para este efeito, algumas antigas tradições têm vindo a ser sucessivamente desrespeitadas, em benefício de uma maior liberdade pontifícia na nomeação de novos membros do sacro colégio.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.