O debate em relação à escolha dos futuros responsáveis políticos da União Europeia  leva, posições extremistas e jogos políticos à parte, à necessidade de uma reflexão sobre a importância da nacionalidade no processo de decisão para o desempenho de papéis em instituições internacionais.

Sempre no total respeito pelas regras e princípios democráticos a decisão e o apoio de Portugal tem de ter em conta aquilo ou aquele que, com o seu desempenho, melhor projetará o interesse nacional.

Freitas do Amaral na Assembleia Geral das Nações Unidas, Durão Barroso na Comissão Europeia e sobretudo António Guterres, actual secretário-geral da ONU são três dos exemplos mais evidentes do valor acrescentado que o desempenho de um alto cargo internacional pode ter para o país. Se é evidente que as posições tomadas durante o exercício do cargo e sob pena de parcialidade não podem favorecer de forma directa o país, mais importante é a afirmação de Portugal e da capacidade portuguesa enquanto mediadores de conflito e do protagonismo internacional. Faz parte do nosso ADN nacional, fruto de séculos de diálogo nem sempre pacifico é certo, mas único e transformador nesta ponte que se faz entre o continente e o resto do Mundo através do país mais ocidental da Europa.

Como que numa metáfora com o futebol que por estes dias também põe os nossos olhos na Europa, Portugal afirmou-se também quando os seus jogadores e treinadores começaram a fazer parte e a liderar as principais equipas europeias. Para além da prestação individual foi a imagem, a pouco e pouco, construída e sustentada de liderança que colocou a seleção nacional como uma das melhores do mundo. Inesquecível a imagem do carisma do sete de Cristiano Ronaldo na camisola do miúdo salvo do tsunami do sueste asiático. Que é o dele mas também o nosso.O que é que isto tem a ver com as escolhas para cargos internacionais de portugueses? Tudo. Porque naquela ou nestas camisolas que agora se vão vestir está também o reforço da identidade portuguesa a nível mundial.

Sempre que um português ou uma portuguesa são chamados a desempenhar altos cargos internacionais de relevo é Portugal inteiro que beneficia com o seu prestígio. Pôr à frente de tudo isto sensibilidades ideológicas será, isso sim, não defender o interesse ou interesses nacionais em cada jogo. Cada novo protagonista dá um impulso novo naquela que deve ser uma motivação na estratégia de reforço do papel de Portugal no Mundo. É esse o “preço certo”, a opção certa para a equipa principal. Em que os treinadores de bancada de uma vez por todas não têm lugar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR