A cada ano que passa podemos encontrar notícias que falam sobre o aumento do consumo e da dosagem de antidepressivos e ansiolíticos, sempre com foco na população mais jovem. No início da pandemia afirmava-se que este fenómeno estava a aumentar devido ao isolamento e à falta de interação social. Todavia não é algo que tenha começado a escalar com a pandemia.

Segundo a OCDE o consumo de antidepressivos mais do que triplicou entre 2000 e 2017. A pandemia que se seguiu veio apenas agravar mais a situação. Em 2019, Portugal ficava em 5º lugar no relatório sobre o setor da saúde que avaliava os países com maior consumo de antidepressivos e em 2017 o consumo era de 104 doses diárias por cada mil pessoas. Por comparação, em 2000 não chegava às 30 doses.

Em pleno 2022, é factual afirmar que todos os anos o consumo de antidepressivos aumenta, sendo os jovens a faixa etária mais afetada, com uma média de 28 mil embalagens de antidepressivos vendidas por dia. A par de uma média de três suicídios diários. Além de ser dispendioso para o Serviço Nacional de Saúde, este é um problema que tem de ser debatido e são soluções  necessárias para vivermos numa sociedade que aspira dar melhores condições de vida ao seu povo.

Os jovens precisam de um caminho, uma visão futura e uma promessa de um mundo melhor do que aquele que foi herdado dos pais. A falta de possibilidades, o desemprego, a dificuldade de acesso à habitação própria, a própria desconfiança no sistema político e desinteresse no estado social, entre outros problemas, levam os jovens a caminhos como o niilismo (visão radical, pessimista e cética de um futuro melhor).

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Precisamos de começar a enfrentar esta crise, reconhecer que existe um problema e criar condições para os mais jovens terem uma vida digna, sem problemas de saúde mental, onde uma mentalidade mais estoica reine face às possibilidades que o mundo nos oferece. Com esperança e animação, com amor pela nossa pátria e não com medo de terem de emigrar para alcançarem um melhor nível de vida.

Passará esta mudança por algo material como melhores condições económicas ou pela desmaterialização e recusa de uma sociedade consumista para tentarmos valorizar o imaterial?

Devem o estado português e a sociedade civil começar a abordar este assunto com maior seriedade e a promover políticas que combatam esta crise que aumenta anualmente?

Deixo aos leitores esta reflexão: “Os jovens de hoje serão os adultos de amanhã “

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

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