Os acontecimentos sangrentos em Israel demonstraram, uma vez mais, qual é a natureza dos grupos terroristas que controlam a Faixa de Gaza. A tácticas são semelhantes à do Daesh. Apoiar o Hamas é defender os métodos utilizados pelo Daesh no Estado Islâmico.

Em 2008 tive a possibilidade de assistir a uma conferência na Universidade de Sciences-Po, em Paris, onde um diplomata do Quai D’ Orsay dizia que a Carta do Hamas – onde se declara expressamente no artigo 7º que o combate e a morte dos judeus são um objetivo político do grupo terrorista – “não era para levar a sério.” Espero sinceramente que este diplomata de cartola reconheça agora qual é a verdadeira natureza do Hamas. Mas esta atitude continua a ser apanágio de vários partidos políticos e de individualidades “respeitadas” um pouco por todo o Mundo – e Portugal não é exceção. Os exemplos do Partido Comunista Português (PCP) e do Bloco de Esquerda (BE) são os mais gritantes, mas estes tipos de posições não se limitam aos partidos políticos.

Há muito que existe uma certa complacência com o PCP. O facto de ter sido um elemento de oposição ao Estado Novo leva a que muitos o defendam como se fossem uma espécie de andorinhas democráticas. Por muito que discorde do argumento, compreendo que se possa criticar os ataques terroristas e, simultaneamente, Israel. Porém, a declaração do PCP é uma justificação para os actos do Hamas, constituindo uma apologia do terrorismo e da morte de judeus.

A fronteira que o PCP ultrapassou não é só inaceitável. Parece-me possível agir juridicamente contra esta autêntica “apologia do terrorismo” e responsabilizar penalmente a liderança dos comunistas em Portugal. Sendo o Hamas uma entidade reconhecidamente terrorista, de acordo com a legislação da União Europeia, a narrativa em sua defesa pode e deve ter consequências jurídicas.

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No que respeita ao BE, a situação vai ainda mais longe e está totalmente fora de controlo, porque a sua narrativa é uma justificação para o confronto físico e para a violência. Aliás, é na narrativa que podemos identificar, sem dificuldades, a sua ideologia trotskista. O BE, como o seu parceiro espanhol Sumar, são herdeiros diretos dos criminosos identificados por George Orwell em “Homenagem à Catalunha”.

O episódio público de um homem invisual que esgrimiu argumentos na Praça Luís de Camões, em Lisboa, com os manifestantes de apoio ao Hamas, demonstra que o BE e os seus apoiantes podem ser defensores de qualquer crime para avançar com a sua agenda terceiro-mundista revolucionária.

O senhor invisual demonstrou uma coragem que merecia ser recompensada num país onde a falta de heróis é uma constante.

Tudo isto leva-nos à questão do cordão sanitário que se tem pedido relativamente ao partido CHEGA. Parece-me claro que o cordão sanitário deve começar pelo PCP e pelo BE, lembrando as palavras de Francisco Sá Carneiro a 4 de dezembro de 1975: “A construção do socialismo democrático em Portugal deve ser constituída sem a participação do Partido Comunista Português [pela responsabilidade nos acontecimentos que levaram ao 25 de novembro].”

É esta a contextualização que devemos ter em conta quando ouvimos o PCP ou o BE a condenar Israel a propósito do ataque do Hamas. Devemos pedir um cordão sanitário claro a estes dois partidos de extrema-esquerda que, ao utilizarem esta narrativa, não fazem mais do que a apologia do terrorismo. Esta atitude tem as suas raízes ideológicas na defesa de uma sociedade comunista em Portugal e teve o apogeu durante os anos 60 e 70 com o apoio a grupos terroristas que mataram milhares de cidadãos inocentes em nome de causas criminosas.

Por muitos que sejam os erros do Estado de Israel, que os terá certamente, é desonesto comparar Israel e os israelitas com as acções terroristas do Hamas em Gaza, que desde 2007 tem sequestrado civis para prosseguir os interesses do Irão na região. Fazer a apologia do Hamas é atacar a convivência entre diferentes religiões, culturas e opiniões. Foi isso que o Hamas impôs em Gaza, é isso que vai continuar a impor sempre que tiver o controlo do poder. O Hamas é uma entidade criminosa e deve ser condenada como tal.

Por isso mesmo, é imperativo recorrer aos meios legítimos que o Estado de Direito nos oferece, em Portugal e no Mundo, desde a liberdade de opinião aos meios judiciais, para que sejam responsabilizados todos aqueles que utilizam narrativas de apologia da violência e do terrorismo, que podem ter trágicas consequências físicas, morais e políticas em todos os que defendem a democracia.