O sugerido “milagre português” é uma visão sobretudo de italianos e espanhóis (também franceses e belgas), que, tendo-se afundado em Março e Abril nas profundezas da pandemia Covid-19, olhavam com surpresa, admiração e (suponho) alguma inveja para Portugal, por não estar a ser tão severamente fustigado e antes fazer uma travessia da crise em modo mais moderado. Objectivamente, porém, é difícil vestir a Portugal a ideia de um milagre, nem tanto obra divina, mas de maravilha. Não cabe desmerecer dos nossos méritos, sobretudo pelo instinto de antecipação de muitos portugueses, na determinação relativamente rápida de fortes medidas de emergência e na extraordinária dedicação dos profissionais de saúde e de servidores públicos das áreas mais directamente convocadas. Mas o facto de os danos não terem sido tão severos como noutros países europeus e nos Estados Unidos da América, não apaga que os “milagres” na Europa aconteceram sobretudo, por exemplo, na Grécia (tem 1/10 dos nossos casos e 1/7 das nossas mortes), na Islândia e nos países bálticos. E, no mundo, se olharmos os números internacionais, o grande milagre que aconteceu foi verdadeiramente na China. É o que tenciono mostrar.

É preciso aprofundarmos esta questão do milagre chinês. É necessário estarmos em condições de compreender como é que começámos o ano assustados, chocados e inquietos com notícias e imagens que nos vinham da China e, apenas quatro meses ainda mal passados, o que lemos nos números e na nossa própria experiência é, afinal… um milagre. Aqueles infectados que afluíam aos hospitais chineses, afinal, eram poucos; e as mortes em cascata, cujas notícias seguíamos, eram, afinal, quase nada – estatisticamente falando, claro.

Sobre a relação da China com esta crise, correm, de modo latente, sobretudo três enredos. Um é a falta de segurança sanitária dos mercados de animais vivos na China, que têm sido fonte ocasional de vírus perigosos para a saúde humana – o SARS-CoV-2 não foi o primeiro – e o que faz, ou não faz, a Organização Mundial de Saúde (OMS) a esse respeito. Outro é a tese de o vírus poder ter sido criado num laboratório em Wuhan, desde as teses conspirativas que afirmam criação deliberada a outras, mais contidas, que referem uma fuga acidental, quando, por exemplo, se trabalhava numa alegada vacina para a SIDA – são questões que devem ser todas respondidas, pois, mesmo quando rolam apenas nas redes sociais, têm alto potencial de envenenar a opinião pública. E o último, enfim, é saber se a China fez, ou não fez, tudo ao seu alcance para conter o vírus dentro do seu território, impedindo que infectados abandonassem o país – Donald Trump tem falado muito nisto nos últimos dias – e, ao mesmo tempo, determinar se era da China o dever de o fazer ou se o dever de controlo cabia antes principalmente aos países de destino.

Sem prejuízo do esclarecimento cabal destas três linhas, com o envolvimento sério, objectivo e exigente da OMS, o que eu gostaria ainda de esclarecer é o “milagre chinês”: porque é que, tudo visto, a China sofreu tão pouco e nós sofremos tanto? Quando digo “nós”, somos todos no mundo, fora da China. E quando digo “tudo visto”, é uma maneira de dizer, porque, enquanto a crise na China já acabou – sem prejuízo da eventual segunda vaga, que a todos pode acontecer –, a nossa crise de primeira vaga continua ainda, de uma forma geral, em pleno desenvolvimento e progressão.

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Olhando aos números totais mais divulgados, relativos a casos confirmados (os infectados) e a mortes por Covid-19, a China ainda está à nossa frente, embora tenha caído já para o 11º lugar mundial, quer em casos, quer em mortes. Isto é, dez países passaram já à sua frente. Dir-se-ia que esta ultrapassagem seria difícil, pois a China é um gigante populacional – só tem par na Índia. Mas a ultrapassagem da China já vai avançada.

Estas leituras pelos números directos, porém, são enganadoras, porque não levam em conta outros factores, sobretudo justamente a dimensão da população: não é o mesmo ter 1.000 casos em 100 milhões de habitantes ou num milhão. Por isso, é costume reduzir estes números a indicadores per capita, recalculando-os com referência a 1 milhão (1M) ou a 100 mil (100K) habitantes, por forma a fazer comparações mais adequadas entre países – a escala que tenho usado, no seguimento desta pandemia, é a de um milhão de habitantes.

Vejamos o que se passa com Portugal, começando por lembrar que, quanto mais acima, pior. Quanto mais alto o número de casos ou de mortes, quanto mais alto o indicador, quanto mais alta a taxa, pior é a situação. É uma aplicação literal do dito “os últimos são os primeiros” – aqui, na verdade, os primeiros são os piores.

Na ordenação mundial com números brutos, Portugal é (dados de 1 de Maio) o 20º no Mundo, o 10º na Europa e o 7º na União Europeia, quanto a casos confirmados de doença; e é o 22º no Mundo, o 12º na Europa e o 9º na UE, quanto a mortes por Covid-19. Mas, na tabela per capita, Portugal é, quanto a casos, o 12º no Mundo, o 9º na Europa e o 6º na UE; e, quanto a mortes, o 12º no Mundo, o 11º na Europa e o 9º na UE.

E a China como está? Nesta tabela per capita, que já usei noutro artigo anterior, a China ocupa a 86ª e a 71ª posições no Mundo, com os dados de 1 de Maio. Como analisei 93 países, onde a pandemia se desenvolve mais e há mais tempo, aquelas posições relativas mostram que a China, que era a primeira destacada a nível mundial, em Janeiro, está, agora, bem mais perto do fundo do que do topo da tabela. Eis o milagre chinês: a sua crise não foi grave, mas das mais leves comparativamente.

Recordo outro aspecto muito relevante. Os números da China indicam que a sua crise foi contida, quase integralmente, na província de Hubei, cuja capital é a cidade de Wuhan, onde tudo começou. Do total de casos de infectados na China (82.274), 82,2% foram registados na província de Hubei; e das mortes (4.633), 97,4% foi em Hubei que ocorreram. Esta província tem uma população de 60 milhões de habitantes, cerca de 4% da população chinesa. Para olharmos este fenómeno doutra perspectiva, devemos ter em conta que a província de Hebei (onde está Pequim, com 20 milhões de habitantes) não teve mais do que 328 infectados e 6 mortes; a província de Guangdong (onde está Cantão, com 13 milhões de habitantes) registou somente 1.588 casos confirmados e 8 mortes; e a província de Xangai (onde está Xangai, com 26 milhões de habitantes) teve  apenas 647 casos e 7 óbitos. O panorama é similar nas demais províncias chinesas, com realce para aquelas onde estão cidades muito populosas. É fantástico. Uma tal proeza não pode deixar de ser vista, aos olhos de hoje, na verdade, como “milagre”: o milagre chinês.

No dia 3, a Xinhua, agência oficial chinesa de notícias, lançou um vídeo, intitulado “Era uma vez um vírus”, que procura ridicularizar os Estados Unidos da América, pela forma como lidaram com a pandemia originada pelo novo vírus. O filmezinho merece ser visto e, no meio do confronto com Trump, ilustra também algumas das insuficiências ocidentais para que chamei a atenção no meu artigo anterior – Covid-19, o “Titanic” do século XXI. O vídeo tem de ser visto e respondido não só por Trump ou Bolsonaro, mas por todos os que fizeram pior ou muito pior do que a China e que, por o vírus os ter atacado apenas um ou dois meses mais tarde, poderiam teoricamente ter-se preparado melhor. Este filmezinho da Xinhua tem, afinal, como subtexto, o milagre chinês. E todos nós, cidadãos do mundo, queremos conhecê-lo bem e poder medi-lo.

Como é que a China fez? Como alcançou a proeza de travar a Covid-19 com números comparados tão baixos?

A tabela e os gráficos que se seguem mostram a dimensão do milagre chinês, comparando os indicadores per capita dos 23 países que, além da China, me pareceram mais relevantes por diferentes razões e, por isso, seleccionei. A tabela mostra, a 1 de Maio, os números totais de casos e de mortes por país, números que são a base de partida; e mostra também o respectivo indicador per capita, que é a base da comparação e, portanto, da ordenação: os mais altos em cima, os mais baixos em baixo. A meia tabela do lado direito, relativa às mortes, mostra também a taxa de mortalidade de cada país, que corresponde à percentagem de casos confirmados que terminaram na morte do infectado. Este indicador é passivo, neste exercício: figura na tabela a título meramente informativo; porém, qualquer leitor pode estabelecer visualmente comparações entre países e, em particular, com a China, também neste ângulo de apreciação.

A tabela e os gráficos apresentam ainda os valores para a União Europeia, a totalidade da Europa e o Mundo, para rapidamente nos permitirem apreender aqueles que estão melhor ou pior que essas referências médias e a que distância. Enfim, a tabela e os gráficos contêm o que chamei de “paradigma de Hubei”: os números e indicadores calculados apenas com referência a esta província chinesa onde quase tudo aconteceu. Na apreciação do milagre chinês, podia, na verdade, alegar-se ser desajustado comparar números doutros países com os da China no seu conjunto, uma vez que os dados fornecidos pela RPC traduzem uma concentração quase total da pandemia em Hubei. Assim, apresento as duas referências alternativas, para cada leitor relevar aquela que for mais significativa no seu critério (apenas Hubei ou a China no seu conjunto) ou analisar ambas de modo complementar. É por isso que, para mais fácil apreensão, há uns gráficos que têm apenas a referência de Hubei, enquanto outros têm a referência da China. Ainda para registo mental, acrescento que a província de Hubei, em dimensão populacional, é próxima de Itália, França ou Reino Unido.

A tabela contém, em cada uma das metades (casos e mortes), duas colunas à direita que calculam a relação de cada indicador per capita com o seu corresponde de Hubei e da China: uma coluna mostra a relação homóloga com Hubei e a outra com a China, tanto na meia tabela dos casos (à esquerda), como na dos óbitos (à direita). Estas colunas são a base da construção dos gráficos e, com os dados de 1 de Maio, permitem apreender rapidamente quantas vezes é que a situação de um país (ou grupo) é pior ou melhor que a de Hubei e a da China. Por exemplo, a Suécia tem, nos casos de doença, resultados per capita duas vezes pior (1,88) que Hubei e 37 vezes pior (37,1) que a China; e, nas mortes, faz per capita mais de três vezes pior (3,5) que Hubei e 82 vezes pior (81,8) que a China. Convenhamos que não é brilhante.

A título meramente informativo, listarei, no final deste texto, para não sobrecarregar aqui, todos os 93 países que analisei, indicando aqueles que estão melhor que Hubei e que a China e aqueles que estão pior.

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Vale a pena olhar com atenção esta Tabela 1. Cada qual se focará nos pontos que mais despertem o seu interesse. Todavia, quero realçar como quer a União Europeia, quer toda a Europa no seu conjunto, estão bem piores do que a China e também piores do que a província de Hubei. No número de casos de doença identificados, a União Europeia, com 2.219 infectados e 237,9 mortes por cada um milhão de habitantes, está 1,9 vezes pior que Hubei e, no número de mortes, 3,2 vezes – isto é, o dobro e o triplo. E, quanto à China, a UE faz pior 38 e 74 vezes, respectivamente. A Europa – com 1.826 infectados e 184,2 mortes por cada milhão de habitantes – está um pouco melhor, embora, comparativamente, também muito mal: faz pior que Hubei 1,6 e 2,4 vezes e pior que a China 31,6 e 57 vezes.

Estranharei se os europeus e as instituições europeias não fizerem perguntas sobre este abismo de diferença.

Quanto a Portugal, estamos pior que a média europeia e a da UE, nos casos confirmados, e melhor, no tocante às mortes. Nos casos confirmados, temos resultados 2,2 vezes pior que Hubei e 42,9 vezes pior que a China; e, nas mortes, estamos 1,3 vezes pior que Hubei e 30,5 vezes pior que a China. À nossa escala, também temos razões para nos juntarmos aos curiosos perguntadores.

Quanto à média mundial, já bem acima da China, como referi, ainda está abaixo de Hubei, como se vê na tabela e nos gráficos; mas, apesar de a folga ser grande, creio que esta situação não se manterá por muitas semanas, uma vez que a crise já está terminada em Hubei e continua em desenvolvimento no mundo, intensamente nalgumas regiões.

Os gráficos que se seguem traduzem estes dados em imagem, permitindo-nos observar facilmente a relação entre os indicadores per capita dos diferentes países (e grupos) e os indicadores homólogos, alternadamente, ora de Hubei, ora da China. As barras a laranja são as que correspondem a unidades agregadas: totais mundiais; totais do continente europeu; e totais da União Europeia.

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Neste Gráfico 1, impressiona a série de países do lado esquerdo que fazem pior que Hubei (com o valor 1,0) e por que diferença. Encontramos aí grandes vítimas da pandemia como Espanha, Itália, Reino Unido, Holanda, França e Irão, assim como outros de que se fala pouco: Bélgica, Suíça, Suécia, Canadá e Turquia. Portugal também está neste grupo. Mas encontramos também outros de quem se falou pelo seu bom ou excelente desempenho: Singapura, Alemanha (embora com muitos casos, tem mortalidade particularmente baixa) e Áustria, que bem poderia ser considerada um dos “milagres” europeus. Por seu turno, faziam melhor que Hubei, a 1 de Maio, Rússia, Brasil, Austrália e alguns reconhecidos campeões:  Nova Zelândia, Grécia, Coreia do Sul e Japão.

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Neste Gráfico 2, de comparação com a China (valor 1,0, no canto inferior direito), estão todos piores que esta, incluindo as estrelas: Japão, Coreia do Sul, Grécia e Nova Zelândia. Tudo pior. Mas assimilemos a profundidade do abismo dos outros: Alemanha, 34 vezes pior; Reino Unido, 45 vezes pior; E.U.A., assim como Itália e Suíça, 60 vezes pior; Espanha, 90 vezes pior!

Choca, na verdade. Mas ter feito 90 vezes melhor que a Espanha, 60 vezes melhor que os E.U.A., 34 vezes melhor que a Alemanha é que faz o milagre chinês. É a coroa de glória. Não é um poucochinho melhor. É abissalmente melhor.

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O Gráfico 3 volta à comparação com Hubei, agora quanto ao número de mortes (indicadores per capita). As estrelas (Áustria, Grécia, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Austrália, Japão e Singapura) já estão, aqui, à direita de Hubei, isto é, em melhor posição – e com a companhia até de algumas não estrelas, como Irão, Turquia, Brasil, Rússia, ver-se-á por quanto tempo. Mas o fosso para países como França, Reino Unido, Itália, Espanha e Bélgica, todos de cinco a nove vezes pior que a província de Hubei, é de novo uma impressão muito forte.

Se o gráfico anterior era de impressão forte, este Gráfico 4 (o último) é de impressão fortíssima. Voltando a comparar com a China, aqui, todos, menos Singapura, fazem pior e o abismo é profundíssimo: o intervalo entre o indicador da China e o da Bélgica é de 206 vezes para pior. Pelo meio, vemos outras várias distâncias improváveis: Espanha 164 vezes pior, Itália 144, Reino Unido 126, Holanda 89, Suíça 63, Estados Unidos 62, Portugal 30, Canadá 28, Alemanha 25, e assim sucessivamente.

Estes números, que falam com a brutalidade e a frieza objectiva que lhes é habitual, têm de ser aceites e reconhecidos, ou contestados e corrigidos. Não há meio-termo. Não pode ser o clima de indiferença céptica que parece rodeá-los: por um lado, ninguém parece acreditar realmente na verdade dos números da China; mas, por outro lado, isto não passa de um preconceito, porque ninguém faz o que quer que seja para os pôr em causa e exigir a rectificação. Os Estados Unidos falam nisto, mas vagamente e de modo informal; a União Europeia nada diz; dos países europeus, não ouvi qualquer um; no resto do mundo, idem; e a OMS é passiva: não acredita, nem desacredita, publica o que lhe dão. A falta de confiança não passa de rumor, estado de espírito, displicência.

Devemos ser exigentes. O mundo tem de ser exigente. Não é questão de alta política ou intelectual rigor académico. Tratando-se de uma pandemia mundial, a partilha aberta e completa dos dados da experiência de cada país é fundamental para o conhecimento universal e para que todos se possam proteger e defender melhor. Não pode aceitar-se a ideia de que a China – ainda por cima o país de onde saiu o SARS-CoV-2 – pudesse esconder da OMS e da comunidade internacional informações completas e exactas sobre o desenvolvimento da Covid-19.

As Nações Unidas e a OMS têm a obrigação imperativa de esclarecer esta questão: os números chineses são, ou não são, verdadeiros? Isto não pode ficar atolado no pântano do “é-e-não-é”.

Sei a sensibilidade política de todas estas questões. Por isso mesmo é que é fundamental esclarecê-las por inteiro. Não há como deixar mistérios desta gravidade a rolarem nas redes sociais e no leviano diz-se-diz-se corrente, para envenenar a opinião, alimentar mitos e antecipar explosões populistas.

Nada tenho contra a China, menos ainda contra os chineses. Penso que a China tem todo o direito de ocupar na vida mundial o lugar que corresponde à sua dimensão, à sua cultura, à sua História e à sua capacidade. Defendo relações estreitas e abertas com os chineses. Gosto da cooperação, do diálogo cultural, social e político e do intercâmbio. Mas este progresso só pode desenvolver-se e consolidar-se, se a China agir, em todas as frentes, como grande actor da cena internacional, à altura de todas as responsabilidades que lhe pertencem e das que, de modo inerente, se acrescentam pelo seu peso e influência. Isto coloca-se muito claramente na transparência, no rigor e na fiabilidade de tudo o que, passando-se na China, é de interesse para a Humanidade e também no desenvolvimento de uma cultura de liberdades fundamentais (nomeadamente, na liberdade de expressão e de imprensa) que alimenta e consolida um ambiente de forte confiança internacional.

A China tem de responder a todas aquelas questões relativas à Covid-19 – hoje, um fenómeno e uma inquietação universais – e ter paciência e abertura para participar nos respectivos debates: os mercados de animais vivos; como foi gerado o novo Coronavírus; a saída de infectados para outros países. Antes destas, deve esclarecer os números do milagre chinês. Isto poderá ser doloroso para nós: se os números chineses se confirmarem, não haverá mais dúvidas sobre o milagre; e o reverso é, em maior ou menor grau, a incompetência dos nossos países na prevenção e na preparação do embate. Seja como for, a verdade é sempre a melhor resposta; e é a única resposta necessária, quando se trata de proteger a saúde e a vida dos cidadãos.

Esta questão é de ou eles, ou nós: ou eles têm razão e nós fomos displicentes e imprudentes; ou os números não estão certos, o contraste não é aquele e a nossa resposta foi a possível e a adequada. Olhando de novo para os gráficos, vemos bem por que não devemos fazer grandes distinções entre nós. Voltando ao vídeo da Xinhua, muitos, no mundo e no Ocidente em particular, farão troça por se dirigir a Donald Trump – e riem-se certamente muito. Isso é tolice. Se o vídeo tem graça e as críticas a Trump são certeiras, a verdade é que do outro do vídeo não está apenas Trump, mas Conte, Macron, Sanchéz, Sophie Wilmès e Rutte, o Canadá e o México, a Europa quase inteira, a América Latina, Irão e Turquia, diferentes regiões asiáticas e a África em começo da crise. Todos temos direito a conhecer e reconhecer os números do milagre da China – e como foi.

NOTA FINAL (dados recolhidos no final do dia 1 de Maio):

Casos de Covid-19, indicadores per capita (por ordem decrescente do pior para o melhor) – países pior que Hubei: Luxemburgo, Islândia, Espanha, Qatar, Irlanda, Bélgica, Suíça, EUA, Itália, Singapura, Reino Unido, Portugal, Holanda, Suécia, França, Alemanha, Bahrain, Israel, Áustria, Dinamarca, Bielorrússia, Panamá, Equador, Canadá, Turquia, Noruega, Emiratos Árabes Unidos, Sérvia, Estónia, Perú e Irão | países melhor que Hubei: Djibuti, Malta, Kuwait, Chipre, Moldávia, Finlândia, Chile, Rússia, Arménia, República Checa, Macedónia do Norte, Arábia Saudita, Eslovénia, República Dominicana, Roménia, Bósnia Herzegovina, Montenegro, Lituânia, Croácia, Omã, Letónia, Brasil, Polónia, Nova Zelândia, Hungria, Albânia, Austrália, Eslováquia, Grécia, Ucrânia, Bulgária, Coreia do Sul, Cazaquistão, Malásia, Azerbaijão, México, Hong Kong, Colômbia, Cuba, Marrocos, Guiné (Conacri), Japão, África do Sul, Bolívia, Argentina, Argélia, Paquistão, Filipinas, Gana, Camarões, Uzbequistão, Senegal, Afeganistão, Egipto, China, Iraque, Costa do Marfim, Bangladesh, Tailândia, Indonésia, Índia e Nigéria.

Casos de Covid-19, indicadores per capita (por ordem decrescente do pior para o melhor) – países pior que a China: Luxemburgo, Islândia, Espanha, Qatar, Irlanda, Bélgica, Suíça, EUA, Itália, Singapura, Reino Unido, Portugal, Holanda, Suécia, França, Alemanha, Bahrain, Israel, Áustria, Dinamarca, Bielorrússia, Panamá, Equador, Canadá, Turquia, Noruega, Emiratos Árabes Unidos, Sérvia, Estónia, Perú, Irão, Djibuti, Malta, Kuwait, Chipre, Moldávia, Finlândia, Chile, Rússia, Arménia, República Checa, Macedónia do Norte, Arábia Saudita, Eslovénia, República Dominicana, Roménia, Bósnia Herzegovina, Montenegro, Lituânia, Croácia, Omã, Letónia, Brasil, Polónia, Nova Zelândia, Hungria, Albânia, Austrália, Eslováquia, Grécia, Ucrânia, Bulgária, Coreia do Sul, Cazaquistão, Malásia, Azerbaijão, México, Hong Kong, Colômbia, Cuba, Marrocos, Guiné (Conacri), Japão, África do Sul, Bolívia, Argentina, Argélia, Paquistão, Filipinas, Gana, Camarões, Uzbequistão, Senegal, Afeganistão e Egipto | países melhor que a China: Iraque, Costa do Marfim, Bangladesh, Tailândia, Indonésia, Índia e Nigéria.

Mortes por Covid-19, indicadores per capita (por ordem decrescente do pior para o melhor) – países pior que Hubei: Bélgica, Espanha, Itália, Reino Unido, França, Holanda, Suécia, Irlanda, Suíça, EUA, Luxemburgo, Portugal, Canadá, Alemanha e Dinamarca | países melhor que Hubei: Irão, Áustria, Equador, Panamá, Eslovénia, Finlândia, Estónia, Noruega, Turquia, Macedónia do Norte, Roménia, Perú, Hungria, Brasil, Moldávia, Islândia, República Dominicana, Sérvia, Israel, República Checa, Bósnia Herzegovina, Croácia, Chipre, Polónia, Lituânia, México, Grécia, Chile, Emiratos Árabes Unidos, Arménia, Montenegro, Albânia, Argélia, Bielorrússia, Bulgária, Malta, Letónia, Rússia, Kuwait, Colômbia, Ucrânia, Cuba, Bolívia, Filipinas, Argentina, Arábia Saudita, Bahrain, Coreia do Sul, Marrocos, Qatar, Eslováquia, Egipto, Nova Zelândia, Austrália, Japão, China, Malásia, Indonésia, Singapura, Azerbaijão, Iraque, Camarões, Omã, Djibuti, África do Sul, Paquistão, Afeganistão, Cazaquistão, Bangladesh, Índia, Tailândia, Gana, Costa do Marfim, Senegal, Guiné (Conacri), Hong Kong, Nigéria e Uzbequistão.

Mortes por Covid-19, indicadores per capita (por ordem decrescente do pior para o melhor) – países pior que a China: Bélgica, Espanha, Itália, Reino Unido, França, Holanda, Suécia, Irlanda, Suíça, EUA, Luxemburgo, Portugal, Canadá, Alemanha, Dinamarca, Irão, Áustria, Equador, Panamá, Eslovénia, Finlândia, Estónia, Noruega, Turquia, Macedónia do Norte, Roménia, Perú, Hungria, Brasil, Moldávia, Islândia, República Dominicana, Sérvia, Israel, República Checa, Bósnia Herzegovina, Croácia, Chipre, Polónia, Lituânia, México, Grécia, Chile, Emiratos Árabes Unidos, Arménia, Montenegro, Albânia, Argélia, Bielorrússia, Bulgária, Malta, Letónia, Rússia, Kuwait, Colômbia, Ucrânia, Cuba, Bolívia, Filipinas, Argentina, Arábia Saudita, Bahrain, Coreia do Sul, Marrocos, Qatar, Eslováquia, Egipto, Nova Zelândia, Austrália e Japão | países melhor que a China: Malásia, Indonésia, Singapura, Azerbaijão, Iraque, Camarões, Omã, Djibuti, África do Sul, Paquistão, Afeganistão, Cazaquistão, Bangladesh, Índia, Tailândia, Gana, Costa do Marfim, Senegal, Guiné (Conacri), Hong Kong, Nigéria e Uzbequistão.