Que a política deste país é uma comédia, creio não haver dúvidas. Miguel Prata Roque, jurista e professor de renome que chegou a ser Adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares no primeiro governo de José Sócrates e Assessor de António Costa, é como muitos, o protagonista desta triste comédia política.

Na Rede X, Prata Roque escreve: “ Um ministro que exerce funções no século XXI e que não sabe fazer a sua própria mala. Vai-se a ver e também não sabe como funciona a máquina de lavar roupa. Ao menos, este não engravida, nem compromete o sucesso da ação governativa. E ainda dizem que já há igualdade de género…”

Já Joana Mortágua deixa a pergunta para os internautas na mesma rede: “Este senhor é ministro mas é a mulher quem lhe faz a mala. Incompetência ou machismo, o que acham?”

O ridículo de todas estas afirmações deve fazer refletir sobre a qualidade de pessoas com responsabilidade política – no caso da deputada do Bloco de Esquerda, como também na parca qualidade intelectual de alguém que por vezes nos aparece nos ecrãs da televisão sem pedir licença. Vale-nos que o comando da televisão é nosso.

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Sobre isto não haverá muito que se possa dizer ou escrever. São declarações que notoriamente se assemelham a uma palhaçada sem limites enquanto o país arde e se perdem seres humanos. Trazer à discussão pública a dinâmica familiar de um ministro, ou de quem quer que seja só porque este optou por dizer que a sua mulher lhe preparou a mala por três dias tem nome, é patético e assemelha-se àquelas tiradas “Trumpistas de enorme mau gosto.

A estes , a quem me dei o trabalho de transcrever as suas disparatadas declarações, relembro que não lhes ouvi nem li uma linha que seja sobre o caso de Boaventura de Sousa Santos, assunto esse de uma gravidade atroz.

E assim sendo, esta postura diz-nos muito sobre alguma esquerda que por aí anda.

Será que alguma vez teremos por parte de alguns protagonistas políticos a sensatez de curar que quando abrem a boca não dizem dislates deste género? E não é preciso o país estar a passar pelo momento que se vive.

Em qualquer que seja o estado político que se vive, declarações deste género incendia o discurso de ódio que já prolifera em demasia por aí. Sim, Miguel Prata Roque e Joana Mortágua lançaram na rede o chamado discurso de ódio. Agora os internautas mais acérrimos tratarão de difundir a mensagem.

Comecei por escrever que isto é uma comédia, mas não é só. Isto é grave vindo de quem vem embora venha de duas tristes figuras que assumiram ser o que são: ridículos perante uma enorme adversidade que o país atravessa, gozando assim de forma idiota e boçal como todos aqueles que sofrem neste momento e com as famílias que perderam os seus familiares na luta contra um dos mais poderosos inimigos. A sua contribuição para o tema foi esta : a mulher do ministro que lhe fez a mala para três dias. Está tudo dito.

Tenham vergonha na cara, sejam sérios, sejam humanos e tenham respeito.