Periferias e mundos periféricos são realidades que poucos amam e muitos temem. Ama quem conhece bem a vida que existe nos espaços distantes do centro e sabe por experiência própria que as periferias não são locais de incubação de revolta, nem meios habitados apenas por marginais, terroristas e foreign fighters. Ama quem sabe, por exemplo, que muita da arte urbana que mais à frente contará a história da humanidade nasce e evolui nas periferias.

Sejam os graffitis ou as inscrições nas paredes, muros e murais, sejam múltiplas formas de dança, expressão musical e artística, ou sejam os desportos e atividades sociais que começam e evoluem nos bairros, tudo diz e dirá muito sobre quem somos e como vivemos nas grandes cidades e suas periferias. É preciso não esquecer que Banksy e Vhils são artistas globais que trouxeram as suas realidades periféricas para o centro do mundo. Mas não só. Muitos outros artistas, músicos, desportistas, empreendedores, gestores, investigadores e especialistas de incontáveis áreas de especialidade nasceram e cresceram em periferias.

Os que temem as realidades periféricas são porventura mais do que aqueles que as amam e temem-nas justamente por saberem que são zonas terríveis onde se multiplicam as situações de abandono e exclusão, onde abundam casos de extrema pobreza que facilmente se convertem em pura miséria, onde coexistem mundos e submundos degradados, física e humanamente depauperados, onde realmente a insegurança cresce e também germina a revolta. Temem tudo isto sabendo que é nas periferias que fica registado, “quase como num sismógrafo, o decurso da História e dos seus terramotos que abalam a vida social de milhões de pessoas”.

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