O Partido Socialista descobriu um novo mantra. Depois das “contas certas” e “vencer a pandemia”, o novo logro socialista chama-se “problemas estruturais”. Os mais recentes “problemas estruturais” que o governo descobriu foram “a mancha florestal abandonada” que causa incêndios e as dificuldades que o Serviço nacional de Saúde enfrenta, que causam o caos nas urgências e listas de espera infindáveis para cirurgias e consultas. Acontece que “problemas estruturais” mais não são que um eufemismo que apenas quer dizer: governámos-o-país-20-dos-últimos-27-anos-e-não-resolvemos-nada-do-que-era-suposto-resolver. Sejamos claros, o problema estrutural que o país enfrenta chama-se socialismo. Vivemos na ilusão de que os problemas se resolvem por si, porque muitas vezes resolver problemas implica mexer com interesses instalados e desagradar algumas pessoas, mas a isso chama-se governar.

O PS é hoje um partido sem ambição e sem rasgo, incapaz de pôr o país a crescer economicamente e dependente da boa vontade europeia, que, mais dia menos dia, acabará. Onde o governo socialista vê avanços, os portugueses experimentam a miséria, como o cabaz alimentar que abrange hoje 1 milhão de famílias, ou seja, temos hoje praticamente 3 milhões de pessoas sem capacidade para comprar bens essenciais no supermercado. Onde o governo socialista vê “problemas estruturais”, os portugueses experimentam a doença às mãos de um SNS sem rumo e sem estratégia, que apenas sobrevive graças à qualidade dos seus profissionais. Onde o governo socialista vê educação, os alunos experimentam a falta de funcionários e professores, ficando muitas vezes meses sem aulas de disciplinas tão importantes como Matemática ou Português. Onde o governo vê mobilidade, as pessoas que vivem na margem sul experimentam o inferno da nova Carris-Metropolitana, sem carreiras e sem autocarros.

O socialismo em Portugal tem três pecados capitais: pobreza, degradação dos serviços públicos e fragilidade das instituições. Perante este cenário, o que vai valendo ao governo é uma comunicação social cada vez mais dependente do Estado e com cada vez menos vontade de incomodar o poder e uma oposição ainda à procura de um rumo. O episódio entre Augusto Santos Silva e André Ventura é apenas o corolário da bonita relação que se está a forjar entre o PS e o Chega, promovida pelo presidente da Assembleia da República. E o objectivo é fácil de compreender, as provocações de ASS ao Chega promovem a vitimização deste, ficando o debate político monopolizado por estas duas figuras, o que realmente interessa aos portugueses fica por debater e o PS lá vai passando pelos pingos da chuva. O que se pede à oposição é que se foque no essencial, exija respostas ao governo, apresente as suas soluções e não tome parte no circo em que Santos Silva e André Ventura querem transformar o parlamento, o momento que o país vive não se presta ao que estamos a assistir.

O descalabro nas urgências, a previsão de recessão para o próximo ano por parte de Vítor Constâncio, o aumento das taxas de juro pelo BCE e a previsível crise energética na Europa no próximo Inverno na Europa são temas em que a oposição se deve focar em exigir respostas ao governo mas também apresentar as suas soluções. Um dia poderemos acordar num país onde Pedro Nuno Santos é primeiro-ministro e Augusto Santos Silva, Presidente da República. Se o queremos evitar, temos que começar a trabalhar agora.

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