O segundo é o primeiro dos últimos. Pelos menos foi o que me ensinaram: que no que estamos devemos estar para ganhar. Saber ganhar respeitando o adversário quando se é vencedor e também saber perder. Devia ser mais fácil saber perder que saber ganhar porque são mais as vezes que perdemos que as que ganhamos. Temos mais experiência em perder que em vencer. E saber perder, reconhecer a derrota, liberta. É uma catarse que nos limpa, purifica e nos permite mudar e experimentar outro caminho.
Pelo menos é o que nos habituámos a ver no PSD: um partido que está para ganhar, mas que tem sabido perder. Apesar de tudo, foram mais as vezes que perdeu que aquelas em que ganhou. De forma que, quando perdeu reconheceu a derrota. Limpou-se, purificou-se no sentido de se ter preparado para outro desafio. Outra estratégia e outro caminho.
Surpreendentemente, não foi o que se viu a 6 de Outubro de 2019. Nessa noite, que Rui Rio chegou a confundir com tarde, o líder do PSD disse que não perdeu. Deu a entender que tinha ganho porque vencera, não o PS, com quem concorria, mas as sondagens e os comentadores. Pessoas como eu que vaticinaram o pior resultado de sempre para o PSD. Ao que parece para Rui Rio ficar em segundo é suficiente. Mas ao contrário do que Rio nos disse, ficar em segundo não lhe chega por ter tido mais votos do que esperava, mas porque continuar na liderança lhe permite aguardar que o poder lhe caia no colo. Ora, Rui Rio tinha a obrigação de saber que o PSD não é o PS. No PSD ficar em segundo não serve porque o segundo é o primeiro dos últimos. Aliás, e este é um ponto indispensável agora que se fala numa reconstrução do PSD e do CDS: a direita só deve chegar ao governo quando vencer. Não deve haver lugar a geringonças, tão só porque as reformas que são precisas exigem um apoio claro dos eleitores. Através do método da geringonça, partidos que perderam até podem conseguir governar mas, como sabemos por experiência própria, ficam no governo por ficar e pouco fazem de concreto.
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