Afinal foi tudo engano e má-língua. O que o Presidente da República quis dizer quando classificou o Governo de “requentado” e “esgotado” não era nada do que todos percebemos. Foi só a constatação de que o Primeiro-ministro, coitado, tem tido uma vida muito difícil e cansativa nos últimos anos. Quem julgou que Marcelo tinha dito que o pacote de medidas Habitação Mais era péssimo e que, se era para isto, era melhor que o Governo tivesse ficado quieto, também percebeu tudo mal.

E se alguém ficou convencido que o Primeiro-ministro estava chateado com as críticas de Marcelo, e que era para o Presidente o recado de que há os que fazem e os que só falam, falam e não os vê a fazer nada, desengane-se. A crítica era para outros críticos. Nunca para o senhor Presidente da República.

Com o que a república pode contar é com dois bons amigos e cúmplices, lado a lado com umas camisinhas de pijama branquinhas e imaculadas na República Dominicana, a trocarem larachas e de sorriso cínico, a garantirem que nunca um Presidente e um chefe de governo tiveram tanto amor um pelo outro.

Ufa… parecia mesmo que estávamos à beira de uma crise institucional em que o Presidente, consciente do desagrado do povo com a incompetência do Governo para resolver os problemas mais básicos do país, começava a dar sinais de que António Costa talvez não chegasse e 2026 e se ficasse por 2024. Afinal não. Pelo menos quando estão juntos e vestidinhos de branco, reina a paz e a harmonia entre os dois.

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É pena que gastem energias a quererem comer-nos por parvos. Toda a gente sabe ou pressente que as coisas não estão bem entre Belém e São Bento. E ainda bem que não estão, porque assim como está o país não dá para continuar. António Costa não tem mais nada para oferecer. Anda a reboque das crises com soluções pífias e irrealizáveis, como é o caso da habitação. Finge que faz, mas não faz. E quando se vê aflito com o resultado das sondagens, atira com um pacote de esmolas para os do costume, para assim tentar manter cativo o seu voto. Soluções e perspetivas de futuro não há.

Marcelo já viu o filme todo. Não concorda com o caminho que o Governo está a seguir. Não só porque não resulta, mas porque não é possível que ideologicamente se identifique com um país cada vez mais dependente do Estado, em que a iniciativa privada e o lucro são vistos como uma ameaça e onde uma ideologia marxista e de esquerda começa a mostrar os seus resultados: na saúde, na educação, na justiça, nas forças armadas e na economia.

Marcelo viu. Marcelo sabe. Marcelo avisa. Marcelo ameaça. O que falta saber é se no final do dia leva a sua tarefa até ao fim ou se prefere perder-se em intrigas palacianas e jogos florais, deixando passar a oportunidade de ser o Presidente de que os portugueses precisam, com medo de ser mal compreendido. Há um ditado que diz que “quem vai à guerra dá e leva”. Chegou a hora de Marcelo dar e arriscar levar. É da vida, e é para isso que serve um Presidente da República.