Foi para aí há 15 anos que comecei a escrever regularmente nos blogues. Por essa altura, de forma surpreendente, surgiu na blogosfera portuguesa uma nova direita. Fresca, moderna e liberal. Parecia culta, escrevia bem, tinha a cabeça arejada e usava argumentos lógicos. Sendo Portugal um país tão estatizado, era difícil alguém liberal, mesmo que de esquerda, como eu, não se identificar com muitos dos argumentos e propostas que eram feitas.
Por um lado, o argumento de base do liberalismo, o de respeitar a liberdade individual, é bastante difícil de rebater. Por outro lado, as políticas económicas de esquerda que existem em Portugal são tão ineficientes e dependentes do Estado que é relativamente fácil pensar em alternativas mais liberais que atinjam os mesmos fins com menos custos.
Com o passar do tempo, fui-me apercebendo que o liberalismo muitas vezes mais não era do que uma fachada para dar um toque de modernidade ao que não passava de conservadorismo, quando não reaccionarismo. Terá sido com o referendo sobre o aborto que isso se começou a tornar óbvio. A forma como bloggers da nossa praça blogosférica liberal se opuseram à sua liberalização surpreendeu-me. Apesar de tudo, considerei compreensível. Neste assunto, é muito difícil definir o que é uma posição liberal, dado que há um conflito de direitos entre a mãe e o feto. O estatuto que atribuamos a este último poderá fazer pender a balança para um lado ou para o outro.
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