Sou um homem de muita fé, tenho grande admiração pelo Papa Francisco, não faço parte daqueles que vão assiduamente à Missa bater com a mão no peito e ajoelhar-se perante Deus, mas cujo o quotidiano nada tem a ver com a mensagem que ouvem nas homilias. Só me confesso a Deus, “falo” com “Ele” diariamente e raramente vou à Igreja.

Dito isto, tenho um grande apreço pelos membros da Igreja que conheço e permitam-me referir duas pessoas que exerceram o sacerdócio na minha Terra e que me deixam saudade, o Padre Bastos e o Padre Aníbal. Homens bons, de uma cultura assinalável e que estavam permanentemente disponíveis para ajudar quem mais precisava e sei que ajudaram muita gente.

São estes os exemplos que gosto de enaltecer e todos os sacerdotes deveriam ser exemplo, mas infelizmente não são. As últimas notícias que vieram a público, fruto do relatório da Comissão Independente que é composta por pessoas idóneas, deixaram-nos a todos chocados.

Deve ser realçada a iniciativa da Igreja para a criação da referida Comissão, dando um sinal de empenho em apurar os factos. O relatório confirma que o número de membros da Igreja que cometeram crimes hediondos é muito elevado e deverá servir para uma profunda reflexão interna.

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O pedido de perdão às vítimas era o mínimo que podia ter sido feito no momento, mas impõe-se o afastamento imediato de todos os suspeitos até se chegar à conclusão dos processos. Por outro lado, quem ocultou ou ignorou as denúncias também deve ser responsabilizado, assim como os prazos de prescrição para os crimes cometidos alargados. Isto é o mínimo exigível.

As declarações proferidas pelo Sr. Cardeal-Patriarca de Lisboa são incompreensíveis e apenas contribuem para atrasar e/ou agravar o problema, correndo-se o risco da repetição da prática dos mesmos crimes pelos membros referenciados como suspeitos e isto é inaceitável!

O celibato jamais poderá servir de desculpa para actos de cariz sexual praticados com menores, todos temos a noção que sempre houve Padres que quebraram o celibato ao terem relacionamentos com outras pessoas adultas e isso, apesar de reprovável para a Igreja, não é um crime. Coisa bem diferente, é abusar sexualmente de menores, que além de ser crime é horrendo.

Ao contrário do que foi dito por um ex-político sem moral para falar deste tema, os pedófilos não são pessoas que mereçam a nossa compreensão, nem tão pouco qualquer tipo de tolerância.

A Pedofilia existe em dimensão considerável e deve ser encarada de frente, com o já inadiável agravamento da moldura penal para este tipo de crimes.

Tolerância Zero para pedófilos!