(Cenas de um governo desfeito: enquanto escrevo vou revendo os debates em que até agora António Costa participou. Confesso que nunca esperei ver António Costa ajustar contas ao vivo e em directo com o seu antigo parceiro de solução governativa. Pelo ar de aturdido de Jerónimo de Sousa parece-me que não fui a única a ficar surpreendida.)
Como e quando o sonho de viver melhor deu lugar ao esforço administrativo para provar que se vive mal qb para ter direito a receber um apoio? Ou beneficiar de uma isenção? Esta pergunta assalta-me quando leio na capa do Expresso desta semana: “PS quer Estado a apoiar subida de salários no privado” – Curiosamente não só ninguém se indignou como é de presumir que este anúncio passa por favorável para o Governo. Afinal, basta proferir o verbo apoiar para que um político passe de imediato para o lado do bem, mediaticamente falando. O país mediático bate no peito horrorizado com a defesa por parte de André Ventura da prisão perpétua mas não questiona esta condenação do país a uma mediocridade perpétua. (Não vejo que Portugal ganhasse o que quer que fosse em adoptar a prisão perpétua mas escusam de vir com o argumento do humanitarismo europeu porque a maior parte dos países europeus ou tem prisão perpétua ou aprovou mecanismos legais que lhes permitem manter perpetuamente presos alguns condenados.)
Portugal está transformado numa economia do apoiadismo: o Governo que depende do apoio/dinheiro de Bruxelas, apoia as empresas para que estas consigam pagar o aumento do salário mínimo que o mesmo Governo decidiu aumentar, um apoio a somar àquele que o mesmo Governo já atribui às empresas que pagam um bocadinho acima do salário mínimo.
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