1. Aparentemente, todos os portugueses sabem o que se passou entre um homem e uma mulher num quarto de hotel. Podem discordar uns dos outros, mas ninguém parece ter dúvidas sobre a sua certeza. Os cronistas não só sabem o que aconteceu como, a partir das suas certezas, fazem teorias sobre a natureza das mulheres em geral, o machismo dos homens portugueses (e até de algumas mulheres) e a hipocrisia da raça humana. Tanta excitação com um encontro noturno alheio. A vida privada da maioria dos nossos cronistas deve ser uma maçada.
Por mim, não faço ideia do que aconteceu. Não quero saber nem tenho opinião. Mas custa muito ver que a sociedade portuguesa tenha chegado a um ponto em que um acontecimento privado de um futebolista, sobre o qual é impossível ter certezas, se tenha tornado um tema nacional. Além disso, detesto assistir a julgamentos sumários sobre uma mulher e sobre um homem, sobretudo sobre comportamentos privados e íntimos.
2. Finalmente, o antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, percebeu que há um sentimento chamado vergonha. A história das armas roubadas em Tancos e o modo como o ministério da Defesa lidou com o falhanço da segurança nacional parece uma daquelas séries reles produzidas pela Netflix (também há bons filmes na Netflix). Como é possível uma figura grotesca como o senhor Lopes ter chegado a ministro da Defesa de um país da Aliança Atlântica? Uma pergunta sem resposta.
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