Ser ou não ser do PSD não é relevante. O que é relevante é que não há democracias saudáveis sem alternativas possíveis. É um dado de facto: se o PSD entra em decadência o país fica sem alternativa ao Partido Socialista. E isso é mau, muito mau, até para quem vota PS.

Nos últimos anos, o PSD seguiu um caminho de decadência que colocou o partido numa situação de subserviência em relação ao partido que sempre foi o seu opositor direto. Um partido alternativo de governo nunca pode adotar como estratégia querer entender-se com o seu adversário. Particularmente se o adversário está numa posição dominante. É dos livros. Não funciona!

Rui Rio, se calhar com a melhor das intenções, esteve sempre errado. Mesmo quando era elogiado pelo establishement do regime – a maioria dos comentadores –, que depois foram os seus maiores críticos. As suas ideias podiam ser boas para quem quer gerir uma empresa, nunca para quem quer governar um país. Os portugueses perceberam-no desde cedo. Por isso nunca lhe deram vitórias. Mas os militantes seguiram o líder até à beira do abismo.

Os mesmos militantes deram agora uma vitória expressiva a Luís Montenegro. Esta é provavelmente a última hipótese que o PSD tem para se tentar reerguer. Não pode desperdiçá-la, sob pena de seguir o mesmo caminho que o seu antigo parceiro de Governo, o CDS.

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No discurso de vitória, Montenegro deu-nos três sinais que me fazem ter esperança. Desejar muito ser líder é o principal atributo que um líder deve ter, Luís Montenegro estava contente como uma criança que recebe o presente de sonho. Apontou direto ao adversário adjetivando os governos de que António Costa fez parte com verdades que já todos esqueceram: o governo do pântano (Guterres), o governo da bancarrota (Sócrates) e o governo do empobrecimento (Costa). Apontou ao eleitorado que quer (re)conquistar: jovens qualificados, trabalhadores com salário mínimo, portugueses com pensões baixas.

Pelo menos no tiro de partida, Montenegro percebeu o óbvio. É preciso deixar de ser complacente com o poder socialista, que empobrece o país, ao mesmo tempo que nos fala de um país das maravilhas. É preciso ir buscar os votos e o eleitorado que o PSD perdeu: jovens, funcionários públicos e reformados.

A bem do país, faço votos para que Luís Montenegro seja capaz de dar corpo e voz à estratégia que anunciou. A bem do país e dos muitos que, como eu, já descobriram que não são liberais, e nem para protestar admitem votar em partidos bacocos de protesto. Não têm onde depositar o seu voto.

Pelo país, desejo a partir daqui as maiores felicidades e sucesso político ao Luís Montenegro.