É a pergunta óbvia quando percebemos que o que há não serve. O país está assim. O Governo está a cair aos bocados, não só pelos casos bicudos (não, não são casinhos) com que vários ministros estão confrontados, mas também pelo pântano em que o país se encontra. Não há crescimento económico, os serviços públicos estão em falência, os portugueses que podem e conseguem apanhar um avião vão tentar a sorte lá fora e só voltam para passar férias. O país está sem caminho e sem projeto.

Perante este estado de coisas, os que ainda cá estamos, olhamos à volta e procuramos alternativas. Sim, porque só vale a pena mudar se tivermos algo de diferente para experimentar. Lemos os jornais, ouvimos a oposição e não vemos nada. A oposição à direita do Partido Socialista está entretida a aproveitar a onda de descontentamento, a fazer listas de perguntas aos ministros que estão na berlinda, a dar razão aos setores descontentes, a pedir demissões, mas esqueceu-se de ouvir a queixa que o Presidente da República deixa no ar repetidas vezes: não há alternativa que nos permita achar que se houver eleições as coisas podem mudar.

A verdade é que a direita anda tão ocupada a ver quem grita mais, quem chega primeiro e com mais eficácia às críticas ao Governo, que se esquece de dizer como faria diferente e que solução defende para os problemas.

Em tudo isto, o PSD, como partido alternativo de Governo e líder da oposição, tem particulares responsabilidades. Nenhum português se convence quando ouve o líder do partido a dar razão aos protestos dos professores, ou a criticar o estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde, ou a fazer o discurso estafado do Portugal a caminho da cauda da Europa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O que todo o país está à espera é de saber o que defende o PSD para a economia, para a saúde ou para a educação.

António Costa teve o infeliz mérito de ter envergonhado a direita das suas próprias opções. Costa colou a direita, e em particular o PSD, às opções da Troika que os socialistas trouxeram para Portugal. O PSD até hoje nunca conseguiu explicar-se ao país. Ouve as críticas como se fossem merecidas e tem medo de propor políticas de direita. O máximo que consegue fazer é falar em reformas, mas nunca explica em que é que elas consistem.

Acontece que chegou o momento em que mais uma vez os portugueses se confrontam com o resultado desastroso de uma maioria absoluta do Partido Socialista. Já vimos isto em 2009. É urgente que o PSD, e já agora também a IL, digam ao que vêm. O Serviço Nacional de Saúde está mal? O que propõem para mudar radicalmente a situação? A educação está em falência e os professores numa situação impossível? Que propostas têm para garantir um ensino de qualidade com professores valorizados? O país não cresce e está a andar para trás? Como pretendem mudar o paradigma e encontrar um caminho sustentado para o crescimento do país?

Para mal dos nossos pecados, a esquerda não tem vergonha das suas opções políticas e de as pôr em prática quando chega ao poder. Será que é desta que a direita vai perder a vergonha e propor um caminho alternativo aos portugueses? Ou será que, de tanto esconder, já se esqueceu do que defende e só está à espera que o poder lhe caia ao colo para continuar as opções de esquerda enquanto o PS se reagrupa para voltar a mandar?

Este é o momento para a direita dizer claramente ao que vem em vez de estar a falar em percentagens eleitorais e em hipotéticas coligações pós-eleitorais. É disso que os portugueses estão à espera e é isso que o país precisa para sobreviver.

É por isso que lanço daqui um apelo a Luís Montenegro: deixe de ter medo da sombra e diga-nos claramente qual é a sua alternativa.