“Dez anos é muito tempo/Muitos dias, muitas horas a cantar”, garante Paulo de Carvalho no seu tema intitulado – não muito surpreendentemente, diga-se –, 10 Anos. Ui, se é muito tempo. E se já é muito tempo a cantar, quanto mais a aturar Catarina Martins na liderança do Bloco de Esquerda. Isto foram dez anos, mas pareceu o Paleolítico Médio. Paleolítico Médio ao qual, curiosamente, retornaríamos com imensa rapidez, tivesse esta gente mais poder para mandar nesta baiuca.
Está, portanto, tudo a colocar-se nos blocos para correr à liderança do Bloco. E para eu usar uma metáfora do atletismo, que têm estado tão afastadas deste espaço de opinião. Quem parece melhor colocada para suceder a Catarina Martins é Mariana Mortágua. Ou seja, há a hipótese de a uma mulher suceder outra mulher. Digamos que, tal como havia os New Kids on the Block, aqui pode dar-se o caso de termos uma nova jovem no Bloco. A única diferença é que quando há um novo trabalho dos New Kids on the Block, sabemos poder contar com revivalismo dos anos 80 e 90 americanos. Ao passo que qualquer que seja a jovem líder do Bloco a pegar ao trabalho, sabemos poder contar com revivalismo do ano de 1917 russo.
Mas pronto, agora é deixar correr o processo eleitoral no Bloco de Esquerda e ver quem, no fim, é democraticamente eleito. Por “democraticamente eleito” entenda-se, como é óbvio, quem Francisco Louçã escolher. Sendo que Mariana Mortágua é a candidata preferida, muito por força das suas convicções. Das convicções, ou daquele gene da família Mortágua que os impele a ir buscar dinheiro a quem o está a acumular. Seja o pai Mortágua a ir buscar dinheiro a bancos assaltados, seja a filha Mortágua a assaltar directamente os nossos bolsos.
Em qualquer caso, eu se fosse dirigente do Bloco de Esquerda apressava-me. Apressava-me, desde logo, a marcar uma consulta de psiquiatria. E depois apressava-me a brincar a isto de ter mesmo um partido político. Aproveitem para galhofar, bloquistas, que assim que o Pedro Nuno Santos tomar a liderança do Partido Socialista, o Bloco é menino para desaparecer mais depressa que uma nota de 20 deixada na mesma sala que um Mortágua.
Pedro Nuno Santos que, em Setembro próximo, passará a contar com um espaço de comentário na SIC Notícias. Fui eu que percebi mal, ou era suposto o jornalismo, no que à sua relação com o sistema político concerne, ser um contrapoder? Devo ter percebido mal, devo. Devo ter percebido incompleto, vá. É possível que não seja suposto o jornalismo ser contrapoder, mas antes ser contra poder desmascarar políticos ineptos. Optando, ao invés, por dar-lhes um palco semanal para branquearem a imagem e lançarem-se para novos voos políticos.
Tumba, e de uma assentada mencionei Pedro Nuno Santos, e deixei subtil alusão ao Presidente da República. Por via da referência a um televisivo palco semanal para branquear imagem e lançar novos voos políticos. Palco antigo da TVI esse que, diga-se, acabou por sair ainda mais caro ao país que o altar-palco da Jornada Mundial da Juventude. O que não significa que Marcelo Rebelo de Sousa e a Igreja portuguesa não estejam em sintonia. Pelo contrário. Basta recordar a declaração do Presidente da República sobre o facto de, na altura, 400 casos de abusos sexuais na igreja não lhe parecer um número particularmente elevado. Como quem diz: “Eh pá, vocês conseguem fazer melhor que isto. Sei lá, duplicar este valor? Triplicar?” E vai a Igreja e diz: “Triplicar? Senhor Presidente, multiplica-se os 400 pelo menos por 10 e não se fala mais nisso!”
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