O primeiro escândalo eclesial de 2020 não tardou em chegar: o Papa Francisco, agarrado por uma peregrina oriental, no último dia de 2019, bate-lhe na mão, ao mesmo tempo que lhe ralha e afasta-se dela com cara de poucos amigos. Para maior infelicidade – há coincidências que são mesmo dos diabos! – tinha acabado de censurar a violência contra as mulheres… Foi tal a indignação que o Papa Francisco teve que se penitenciar, em público, no primeiro dia do ano novo: “O amor faz-nos pacientes e, tantas, vezes perdemos a paciência. Também eu. Peço desculpa pelo meu mau exemplo de ontem.

Para compreender este incidente, há que retroceder dois mil anos, mais concretamente até à data da ressurreição de Cristo. Nesse dia, Jesus apareceu a Simão Pedro e, embora desse encontro só se saiba a existência (1Cor 15, 5), é de supor que o mesmo não foi fácil para o apóstolo: era a primeira vez que estava a sós com Jesus de Nazaré, depois de o ter negado três vezes (Mt 26, 69-75). Com antecedência, o próprio Mestre tinha prevenido Simão de que o ia trair, mas este protestara, dizendo-se disposto a ser fiel a Cristo até à morte (Mt 26, 31-35). É provável que, nessa aparição, Pedro tenha manifestado o seu arrependimento, pedindo ao Senhor que o recebesse, já não como Papa, mas apenas como seu discípulo.

Teria sido lógico que Jesus aceitasse um tal oferecimento, que era não apenas justo, mas muito conveniente, senão mesmo necessário. Afinal de contas, Pedro tinha causado um gravíssimo escândalo. Além disso, também não tinha aparecido junto da Cruz do Senhor, no momento da sua agonia e morte, nem esteve presente quando o sepultaram.

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