Não obstante o vulcão do Médio Oriente ter explodido e a lava se ter estendido por aquela região até à Europa, os dirigentes das grandes potências continuam a mostrar uma incompetência crassa na busca de uma solução para o problema.

Como em jogo está a desintegração total de pelo menos dois Estados: Síria e Iraque, bem como o perigo de alastramento da guerra a todo o Médio Oriente, era de esperar que o encontro entre  os presidentes russo e norte-americano, à margem da Assembleia Geral da ONU, fosse bem mais produtivo, mas nada trouxe de novo ao que já se sabia. A Rússia envolve-se cada vez mais no conflito sírio ao lado de Assad e contra o Estado Islâmico, cria uma coligação com o Iraque e o Irão com o mesmo objectivo, mas não está disposta a juntar-se à coligação criada pelos Estados Unidos, porque estes exigem a demissão imediata do dirigente sírio.

Nesta situação, as declarações de Putin em Nova Iorque foram muito vagas e algo contraditórias. Prometeu apoio em armas e conselheiros ao regime de Bashar Assad, mas excluiu a participação de militares russos no terreno. Ora esta proposta tem tanto útil como os bombardeamentos aéreos realizados pela coligação dirigida pelos Estados Unidos, porque é mais do que evidente de que os actuais exércitos sírio e iraquiano, mesmo aliados aos curdos, consigam derrotar as forças do Estado Islâmico. À medida que o tempo avança, torna-se cada vez mais evidente a necessidade da intervenção de tropas terrestres estrangeiras.

Pode-se ficar com a impressão de que a presença de Assad em Damasco é o único obstáculo à criação de uma ampla frente, mas não é assim. Por detrás desse problema está a luta entre a Rússia e os Estados Unidos pela influência na região. Isso ficou claro quando Serguei Lavrov, depois do encontro Obama-Putin, veio esclarecer que “todas as partes que lutam contra o EI devem coordenar as suas acções, mas não deve existir um comando único”.

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E, por isso, o único ponto de coincidência entre Moscovo e Washington consiste na necessidade da continuação de contactos entre militares russos e norte-americanos para evitar conflitos armados entre eles durante o combate ao Estado Islâmico.

Ora convenhamos que isto é muito pouco para iniciar um combate sério contra os jihadistas.

Nos últimos tempos, muito se tem comparado a actual onda de refugiados que chegam à Europa com igual fenómeno que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Mas também seria bom comparar a capacidade de liderança dos actuais dirigentes políticos das principais potências com os líderes de então. Se Churchill e Roosevelt encontraram força e coragem para se aliarem a Estaline na luta contra Hitler, porque será que Barack Obama e os líderes da União Europeia não conseguem chegar a um acordo com Bashar Assad e Vladimir Putin para combaterem o Estado Islâmico? Porque o nível dos actuais dirigentes políticos baixou ao nível de não conseguirem sequer ponderar nas consequências das suas acções.

P.S. Entretanto, os talibã conquistaram a cidade de Kunduz, situada a Norte do Afeganistão. E o que virá a seguir?