Nos últimos dias, Fernando Medina, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmou perante os Lisboetas que era “IMPOSSÍVEL encontrar um modelo SEGURO para os arraiais em Lisboa”. Por sorte, abordou e baralhou três temas que estão diretamente relacionados com a minha experiência profissional e académica e, por isso, aqui ficam três breves esclarecimentos que ajudam a entender a razão pela qual o atual Presidente de Câmara não está preparado para aproveitar as oportunidades e responder aos desafios futuros que Lisboa terá de enfrentar no pós-Covid-19:

  • Perante a incerteza e o desconhecido não existem impossíveis, existem probabilidades. O conceito de impossibilidade está diretamente relacionado com o passado, sendo de facto impossível fazer o que não foi feito ou decidir o que não foi decidido. No que refere a eventos futuros não existem impossibilidades, existem incertezas. Tal leva a que deva ser utilizada uma abordagem de risco que admite a probabilidade de ocorrência de eventos futuros com impactos nos objetivos. A análise de risco, em função de parâmetros de tolerância, permite diferentes tipos de resposta como a mitigação ou a aceitação, sendo a eliminação do risco – a única estratégia conhecida por Fernando Medina – a última estratégia a considerar por ser aquela que para eliminar o efeito negativo tem de eliminar igualmente qualquer efeito positivo. A prudência que Fernando Medida diz ter em relação aos Santos Populares de 2021 mais não é que uma estratégia de “deitar fora a criança com a água do banho”.
  • A segurança não é um fim em si mesmo, mas um elemento fundamental de confiança no presente e futuro. O conceito de segurança de Fernando Medina está para os dias de hoje como o socialismo: só faz sentido nos livros de História. Num contexto económico, social e até tecnológico, onde a velocidade, complexidade e incerteza são constantes, o conceito de segurança não deverá ser utilizado como fim, mas como instrumento fundamental para garantir a confiança e a criação de valor. Fernando Medida acredita que apenas existem os estados “seguro” e “inseguro”, quando deveria reconhecer que apenas podemos definir objetivos para o “nível de segurança”. Adotar estratégias preventivas de identificação, proteção e deteção de ameaças continua a ser importante. No entanto, uma cidade no presente deve estar preparada com estratégias de resposta e recuperação para que possa ser resiliente. Quem se propõe dirigir Lisboa aos solavancos, num pára-arranca contínuo, não justifica sequer o ordenado de presidente de Câmara, quanto mais o reconhecimento como líder respeitado.
  • Lisboa pode inovar na tradição e ser uma cidade (muito mais) inteligente. Fernando Medina só é capaz de imaginar o passado e aguarda pacientemente que tudo passe para que possa voltar à Lisboa de 2019. Desde que foi abandonado na Câmara Municipal de Lisboa, que Fernando Medina apenas se preocupou em tratar da cosmética da cidade ao ritmo dos ciclos eleitorais municipais e nacionais. Foram anos perdidos onde a cidade não se preparou para enfrentar os desafios do presente, nem para aproveitar as oportunidades do futuro. A “Gestão de Eventos Inteligente” faz parte da estratégia de desenvolvimento económico e de cidadania de qualquer cidade inteligente. Uma Lisboa mais inteligente deve ser capaz de usar tecnologias de análise de vídeo e sinalização digital para ajudar os promotores de eventos, voluntários e socorristas a tomarem ações preventivas e proativas para controlo de multidões, gestão de tráfego, segurança pública e resposta a emergências. Os participantes dos eventos devem ter acesso a informação que permita experiências mais seguras e agradáveis.

Fernando Medina mostrou mais uma vez aos Lisboetas que não está preparado para liderar a Câmara Municipal de Lisboa no “novo normal”, onde a propaganda e as lógicas de poder e influência do Partido Socialista são manifestamente curtas para responder às ameaças e incertezas que se avizinham. Está na hora dos lisboetas mostrarem a Fernando Medina que não são barrigas de aluguer de secretários-gerais do PS e que querem uma liderança na Câmara Municipal de Lisboa que seja capaz de dirigir Lisboa rumo ao futuro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR