O que se está a passar no Reino Unido é assustador para todos os países da União Europeia e não apenas para os britânicos. E esta será mais uma semana determinante. O empenho que Angela Merkel protagonizou, na Cimeira do fim da semana passada, em encontrar uma solução para que, no mínimo, sejam os britânicos a decidir o que querem, revela bem como estamos num momento histórico. O Reino Unido tem de ficar porque quer e não porque é difícil sair da União Europeia ou por causa da irritação dos líderes europeus com a incapacidade de decidir que chega de Londres. Lá, como cá, as vantagens de fazer parte do clube europeu não são percebidas. Mais uma vez porque ninguém, nenhum ser humano é capaz de sentir as dificuldades do quotidiano da mesma forma que sente o que seria uma realidade alternativa sem a União e o euro.

A mudança de gerações conduz ao natural esquecimento. É hoje distante a razão que levou os líderes de seis países a construírem a então CEE, uma ideia lançada pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill após a II Guerra Mundial, mas à qual o Reino Unido não quis depois aderir – para entrar mais tarde. Hoje, mesmo os eurocéticos em Portugal e no resto da Europa beneficiam desta extraordinária construção humana na Europa que é a União Europeia e o euro. Que nos tem garantido a paz e a prosperidade. Com acidentes de percurso, sem dúvida. Mas o que é preciso fazer é um exercício sobre a realidade alternativa.

No caso português, a União Europeia garantiu o amadurecimento da nossa democracia, foi um importante escudo contra as tentações e tentativas de instalar em Portugal uma segunda ditadura a seguir à de Salazar, como muito bem compreendeu então Mário Soares. Vivíamos ainda no tempo da Guerra Fria, de dois grandes blocos, EUA e URSS. Se não fosse a nossa adesão à CEE em 1986 onde estaríamos hoje? Teríamos sido a Cuba da Europa? Ninguém sabe, ao certo, mas não teríamos tido a evolução que tivemos.

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