Ir para fora está muito sobre-valorizado. E atenção, em tempos fui extremamente fã de ir para fora, ao chamado estrangeiro. Mas, lá está, o tempo passa e, com sorte, uma pessoa fica menos (ainda que muito ligeiramente menos) parva. E começa a ver a parvoíce que é, por exemplo, pagar bom dinheiro para ficar mais mal instalado que na sua própria casa. Além de mais não poder do que tentar adivinhar que fluido corporal, de quem, deu origem às manchas na fronha, onde agora deixará a sua baba.

Toda esta parvoíce se torna ainda mais óbvia por estarmos precisamente na altura do ano em que a maioria da vizinhança, entre ela a parva, vai, lá está, para fora. Em simultâneo comprovando as suas fortes suspeitas da existência de parvoíce no bairro e fazendo do seu lar, por instantes, um spa num retiro hindu em Bali. Mas em São Domingos de Rana.

Assim sendo, e para vos evitar chatices, deixo um brevíssimo guia de alguns dos atuais piores destinos de férias. Espera que seja um precioso auxiliar no momento de decidir para onde não ir neste verão.

Austrália

Sempre fui fã. Como não, se é a terra de Crocodile Dundee?! Mas depois veio a COVID. E o país que mais parecia um milagre tornado realidade, em boa parte, por escumalha presidiária, tornou-se um país em que toda a gente é presidiária. Em muitos casos, aparentemente, com gosto. Em todos os casos às mãos de governantes que são escumalha.

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Como se isto não bastasse, nos Jogos Olímpicos apareceu aquela break dancer chamada Rachael Gunn. De início pensei tratar-se de uma piada. Claramente a senhora estava a gozar e as críticas eram totalmente destemperadas. Mas não. A senhora bailou mesmo a sério. Tal como é “a sério” o seu doutoramento em Estudos Culturais pela universidade de Sydney, garantido pela tese (e não me atrevo a traduzir para não se perder uma gotinha deste néctar de imbecilidade), “Deterritorializing Gender in Sydney’s Breakdancing Scene: A B-girl’s Experience of B-boying.” A Austrália enviou esta senhora, cuja atuação mereceu 0 (zero) pontos, para uma competição onde é suposto exibir-se excelência. Mas na Austrália a senhora continuará a ser “sua Excelência”.

Inglaterra

Pode não parecer, mas é, neste momento, o destino perfeito para quem aprecia turismo radical. “Quer ver radicais a esfaquear gente a torto e a direito em pleno centro turístico de Londres? Venha – Ah, já desvendámos o destino. Que palermas. Mas vamos dizer na mesma – a Londres!”

Mas calma. Como é óbvio, não é o facto de estes esfaqueamentos acontecerem a um ritmo bi-diário que deixa de fazer, de cada um deles, um acto isolado. São actos isolados. É tipo aquela metralhadora do Blue Thunder (se têm de Googlar é lamentável) que disparava 4.000 balas por minuto. É uma arma um bocado abrutalhada? Como assim? Tenham paciência, cada disparo é um acto isolado.

Em relação ao mais recente esfaqueamento, deste vez de uma menina de 11 anos, escusado será dizer que as autoridades britânicas excluíram, de imediato, a possibilidade de acto terrorista. Foi, isso sim, um acto extremo de carinho, perpetrado por um indivíduo que olvidou estar na posse de um x-acto aberto. Olvide também ir a Inglaterra.

França

Pelo menos até garantir que verdadeiros ascos como LeBron James já não estão na cidade, evite Paris. Não vá correr o risco de cruzar-se com verdadeiros ascos do nível de um LeBron James, pedir educadamente para tirar uma fotografia e ser escorraçado, como aconteceu àquele rapazinho que cometeu esse erro gravíssimo após a vitória dos EUA na prova de basquetebol. Depois de garantir que verdadeiros ascos do nível de um LeBron James já não estão em França, evite ir a França. A não ser que ainda tenha a jugular disponível e seja um escanção de esfaqueamentos ansioso por experimentar uma alternativas aos britânicos.

Estados Unidos da América

Como os Estados Unidos são bastante maiores que França, ascos do nível de um LeBron James diluem-se. Um ponto a favor da América. Outro ponto a favor da América é o facto de ser o país mais multi-étnico do mundo. Portanto, se deseja diversidade é ir aos Estados Unidos. Mas vá rápido, que ao ritmo a que os democratas mandam vir pazadas de imigrantes ilegais para tentar ganhar as eleições de novembro, aquilo vai ficar tão diverso, tão diverso, que a única cultura da qual não ficará vestígio é mesmo a estado-unidense. Quando der por ela, viajou para os Estados Unidos e está num qualquer país centro ou sul americano. E aí reze para que seja a Argentina ou El Salvador. Mas se for cristão ou judeu reze baixinho. Se acha que em Inglaterra e França se dão boas navalhadas…

Terminado este périplo e de volta a Portugal, reparem nisto. Em termos de pequenos territórios que prosperaram a nível global, Hong Kong já era, agora que é chinês. Singapura já teve melhores dias, com taxas de natalidade abaixo das de urso panda após vasectomia. O Dubai começa a ficar um bocado cheio e aquilo tende a ser abafadote. A minha ideia para Portugal é a seguinte: fechávamos isto como está, para não nos esvairmos mais das chinadas que o nosso crescimento tem levado, e víamos com a Suíça se não estão à procura de uma sucursal. A sede podia ser em São Domingos de Rana.