Entre a escolha do percurso para o próximo rali das tascas e a selecção do novo pandeireiro para a Tuna, a Associação Académica de Coimbra (AAC) decidiu, em Assembleia Magna, excluir o candidato à Presidência, André Ventura, de qualquer convite, acto político, ou público até às eleições presidenciais. Para o novo presidente da AAC, João Assunção, “a Academia de Coimbra não quer dialogar com quem se apresenta como opositor claro dos valores democráticos (…), pelos quais a instituição tanto lutou (…) ao longo dos seus 133 anos de História”. Ou seja, a ver se percebi. A defensora indefectível da democracia, AAC, não quer qualquer tipo de debate democrático com um deputado democraticamente eleito, que agora concorre a umas eleições presidenciais democráticas? Será isto?

Chamem-me esquisito, mas acho uma decisão parva. E mais parva a decisão se torna por ter sido tomada por elementos da geração mais bem preparada de sempre. Digo eu, que pertenço a uma geração que cora de vergonha só de pensar na preparação desta geração. Estava convencido que não haveria ninguém mais bem preparado do que os jovens da geração mais bem preparada de sempre para fazer o exacto oposto do que a AAC fez. A saber. Convidavam o André Ventura para um debate. Punham as câmaras a rolar. Desfaziam sem dó nem piedade, com uma retórica inatacável, os argumentos de André Ventura que são estupidíssimos. Punham a justa humilhação nas redes sociais. Tinham mais views que um post da Kim Kardashian com uma ninhada de gatinhos recém-nascidos a fazerem a vez de biquíni. E a 24 de Janeiro, munidos de um bom balde de pipocas, assistiam aos resultados das eleições presidenciais, que dariam a André Ventura um terço dos votos do Tino de Rans.

Para minha surpresa, não foi esta a opção da AAC. Ao invés deste óbvio, infalível e jocoso plano, decidiram mesmo boicotar André Ventura. O que, agora que penso nisso, até faz algum sentido. Por que haveria a Universidade de Coimbra de querer para lá um mero aspirante a eventual proponente de hipotéticas medidas decerto chumbadas pelo Tribunal Constitucional de qualquer país decente, se já conta nos seus quadros com um dos mais ilustres defensores de toda a espécie de abjectos regimes totalitários, Boaventura de Sousa Santos? Nunca na vida. Seria como numa faculdade de ciências trocar o professor catedrático jubilado vencedor do prémio Nobel da Física, por um caloiro que entrou com 10 a matemática, cuja mãe acredita possa vir a tornar-se professor assistente de Cálculo I. Logo que largue a pandeireta e a Tuna.

Para além de desejar, com muita força, alienar os quase 70.000 portugueses que votaram no Chega, a AAC quer ainda um “Presidente da República que decrete o estado de emergência climática em Portugal”. Julgo que é o que nos está a fazer falta, um estado de emergência climática. É que, digam o que disserem, os estados de emergência não foram feitos para estar sozinhos. E o Estado de Emergência Nacional já anda para aqui há tanto tempo, tão solitário, tão tristonho, que lhe ia fazer bem a companhia do estado de emergência climática. Fazia-se essa vontade à geração mais bem preparada de sempre e eles, em jeito de retribuição, investiam tudo em conseguir o canudo. Neste caso, não o canudo no sentido de diploma de fim de curso, mas sim um qualquer canudo, de preferência de ferro, com o qual pudessem vandalizar estátuas do Padre António Vieira.

Enfim, vendo bem as coisas, é mesmo melhor a AAC não perder tempo com André Ventura. Afinal, com nova estirpe, ou sem nova estirpe, as vacinas para a COVID estão aí e fazem sonhar com um regresso à normalidade no próximo ano lectivo. Tempo, portanto, para estes ilustres membros da geração mais bem preparada de sempre começarem desde já a pensar em inovadoras e giríssimas formas de coagir e humilhar caloiros nas praxes de 2021/2022.

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