Os tempos políticos estão a apertar e Passos Coelho já começou a posicionar-se e a preparar a estratégia para convencer os portugueses a votarem nele no próximo ano. O PSD lançou esta terça-feira um tempo de antena onde o chefe do Governo aparece a explicar os sacrifícios e a dizer que “valeu a pena” o trabalho feito nos últimos três anos. Mas o vídeo de mais de seis minutos nunca fala nem da dívida pública nem do défice público. Os indicadores que correm mais mal ao Governo ficaram de fora.

Como balanço, Passos Coelho termina o vídeo a dizer:

“Penso que valeu a pena ao cabo destes três anos a mudança que empreendemos. Ainda não está terminada, mas os resultados que alcançámos garantem-nos que daqui para a frente podemos ser mais ambiciosos e mudar o horizonte de esperança para os portugueses”.

A cerca de um ano das eleições legislativas e com mudanças na liderança do PS, os sociais-democratas aceleraram os calendários de campanha e também o discurso. E lançaram um tempo de antena com o balanço de três anos de Governo. Nos mais de seis minutos de vídeo não há um único mau indicador. São referidos os resultados económicos e financeiros como a descida das taxas de juro da dívida pública ou a redução do desemprego, mas, por exemplo, nunca é referido o decréscimo do PIB, o aumento da dívida pública ou o défice orçamental. Aliás, apenas é referida a expressão “dívida pública” para dizer que o Governo abandonou a ideia de “um crescimento apoiado na dívida pública”.

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É referido, por exemplo, a redução de salários do Governo – decidido ainda no Governo anterior, mas atribuído a PSD neste vídeo – como “exemplo” que começou no próprio Executivo. Este é, aliás, o primeiro indicador a aparecer no vídeo. Depois lembra o PSD a redução das despesas de gabinetes, com a frota automóvel e pessoal administrativo.

Nos indicadores económicos é referido que há um aumento da poupança das famílias que levou também a um aumento do consumo e o número de empresas criadas e postos de trabalho criados. Neste aspeto, o PSD tenta ainda responder à argumentação da esquerda que diz que a redução do desemprego se deve ao aumento da emigração. E como tal, nas prioridades deste PSD virado para eleições está o emprego, mas também a redução da carga fiscal.

No final do vídeo aparece o líder do PSD e primeiro-ministro. Passos Coelho traça a linha do discurso que o vai levar até à campanha pela reeleição: “Todos fizemos sacrifícios muito grandes como nenhuns no passado foram chamados a fazer mais ambicioso programa de contenção da despesa e os portugueses foram chamados como nunca antes a fazer sacrifícios em ordem a vencer essa emergência financeira e económica”.

Nesse discurso há ainda lugar para dizer que tudo foi feito com o “mais amplo consenso social possível”, referindo não só o acordo de concertação social alcançado logo em 2012 como também vários outros acordos em áreas setoriais.