Os líderes da Alemanha, França, Rússia e Ucrânia concordaram em avançar com as negociações sobre uma possível solução para a crise que se vive em território ucraniano. Foi marcado um encontro para discutir a paz para a próxima quarta-feira, 11 de fevereiro, em Minsk, capital da Bielorrússia. As conversações vão continuar em Berlim, na segunda e terça-feira, para preparar uma cimeira que pode tanto determinar uma paz ténue como uma guerra mais ampla, escreve a Bloomberg.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, disse em comunicado, domingo de manhã, que já foram alcançados progressos nas conversações sobre novo acordo de Minsk e que espera que seja alcançada uma “trégua imediata e incondicional”. Vladimir Putin, que está em Sochi reunido com o presidente da Bielorrússia — onde vai acontecer o encontro entre os quatro líderes ainda esta semana — diz que espera que seja alcançado um acordo.
Sergei Lavrov, ministro russo dos negócios estrangeiros, também já se fez ouvir: espera que o espírito de “muito boa vontade” nas negociações entre o quarteto em causa potencie negociações bem-sucedidas. “Espero que os esforços que estão a ser realizados num espírito de muito boa vontade sejam bem-sucedidos, especialmente porque sentimos essa determinação da chanceler alemã e do presidente francês”, disse perante um grupo de jornalistas na conferência de segurança, em Munique.
O encontro agendado para 11 de fevereiro resulta de uma conversa telefónica a quatro vozes, protagonizada por Angela Merkel, François Hollande, Vladimir Putin e Petro Poroshenko, realizada este domingo. Os quatro líderes discutiram um”pacote de medidas” para conseguir alcançar “uma solução global para o conflito no leste da Ucrânia”, segundo avançou Steffen Seibert, porta-voz do governo alemão. Este sábado, François Hollande assegurou que um novo plano está a ser desenvolvido, o qual pode incluir uma zona desmilitarizada de 50 a 70 km à volta da atual linha de combate.
A iniciativa de paz franco-alemão tem o aval dos Estados Unidos e da União Europeia, e acontece 10 meses após o início do conflito que já provocou 5.300 vítimas mortais, desde abril de 2014, além de uma crise internacional. Só nas últimas 24 horas morreram pelo menos oito civis na zona sob controlo separatista em Donetsk, na Ucrânia; outros 14 civis ficaram feridos em bombardeamentos com armamento pesado contra as principais praças-fortes pró-russas de Donetsk e Gorlovka, entre outras.
Armar a Ucrânia? Europeus e americanos divididos
Os últimos desenvolvimentos face à crise ucraniana, tendo em conta o encontro a 11 de fevereiro, podem estar a ser impulsionados pelas notícias que dão conta que os Estados Unidos estão a considerar enviar armas para a Ucrânia — uma medida que encontra forte oposição entre os líderes europeus, assegura a BBC. O próprio ministro russo dos negócios estrangeiros disse, este domingo, que a “esmagadora maioria dos políticos europeus, se não todos, considera que é uma má ideia que só vai aprofundar a crise ucraniana”.
A rejeição da Alemanha em entregar armas às forças ucranianas, no combate aos militares pró-russos, pode aumentar a pressão interna de um Barack Obama relutante em fazer o mesmo. Um número crescente de altos militares e oficiais do Departamento de Estado norte-americano estão a juntar-se a legisladores republicanos para impulsionar o armamento ucraniano. Uma posição com a qual o presidente daquele país parece não concordar, segundo três fontes da administração Obama, que não quiseram ser identificadas, consultadas pela Bloomberg.
John Kerry, secretário de Estado dos EUA, disse estar confiante que Obama tomará uma decisão “em breve”. A demora de Obama, tendo em conta o assunto em cima da mesa, reflete a gravidade da situação e a dualidade de argumentos, interpreta a Bloomberg.
A chanceler alemã, Angela Merkel, fez saber este sábado que, na sua opinião, enviar armas para a Ucrânia não é maneira de resolver a crise. A tomada de posição valeu-lhe uma reação mais calorosa da parte de um senador norte-americano, no decorrer da conferência de segurança em Munique, que acusou Berlim de virar as costas a um aliado em apuros.