Cerca de 30 manifestantes estudantis foram detidos esta madrugada em Taiwan depois de terem tentado forçar a entrada no Ministério da Educação, em protesto contra alterações nos textos dos livros escolares do ensino secundário.

Receios sobre o alegado aumento da influência de Pequim nos assuntos internos da ilha Formosa estiveram na origem da ocupação do parlamento taiwanês durante semanas, em março e abril do ano passado, em protesto contra a ratificação de um acordo de livre comércio de Taiwan com a China.

“Trinta pessoas foram detidas e estão a ser interrogadas sob a acusação de violação do gabinete do governo e danos causados por terem arrombado a porta”, disse esta noite um porta-vos da polícia à AFP.

Segundo a agência Efe, a polícia e funcionários tinham reforçado as medidas de segurança das instalações do Ministério de Educação com a colocação de barreiras metálicas com arame farpado para evitar que os manifestantes, que protestam há semanas, repetissem a ocupação do parlamento, registada em março e abril de 2014.

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Os protestos surgiram após o fracasso das conversações na noite de quinta-feira com um responsável da Educação sobre as mudanças nos programas curriculares previstas para setembro.

A tentativa de entrada no Ministério da Educação aconteceu após um debate. Os manifestantes conseguiram chegar ao gabinete do ministro e instalar barricadas dentro do edifício para evitarem ser desalojados.

Depois de uma noite de protestos, a polícia conseguiu dispersar os manifestantes, que se reuniram em menor número a umas centenas de metros do Ministério da Educação e anunciaram novas ações contra as alterações nos livros escolares, consideradas como “deformações ideológicas da China”, segundo um manifestante citado pela agência Efe.

Protestos estudantis em março e abril de 2014, contra um pacto comercial com a China, resultaram na ocupação do Parlamento e também, durante umas horas, do poder executivo da ilha, e a 30 de março conseguiram reunir quase meio milhão de pessoas em seu apoio.

Em 2012, milhares de pessoas sairam à rua em Hong Kong em protesto contra a intenção de o governo introduzir a “educação patriótica” nas escolas.

O Governo de Hong Kong acabou por abandonar o plano de obrigatoriedade do ensino da disciplina de Educação Nacional nas escolas do território, em setembro desse ano, na véspera das eleições para o Conselho Legislativo.

A decisão foi tomada após protestos de estudantes, professores e encarregados de educação, que chegaram a concentrar ativistas em em greve de fome junto à sede do Governo da antiga colónia britânica.

Pequim considera Taiwan uma província do país, embora a ilha funcione, de facto, como um país soberano, com todas as instituições de Governo eleitas pela população.

A China deseja para Taiwan um processo de reintegração idêntico ao encetado para Hong Kong e Macau, prometendo um alto grau de autonomia para a ilha, situação que não agrada a muitos dos habitantes de Taiwan, embora em termos políticos se processe uma cada vez maior aproximação bilateral.