Um relatório das Nações Unidas sugere a criação de uma taxa de solidariedade sobre certo bens e serviços para financiar a resposta ao aumento das necessidades humanitárias. Este documento aponta para uma subida em flecha destas necessidades, na sequência da multiplicação de conflitos e das catástrofes naturais.

“É possível avançar com uma micro-contribuição sobre um enorme volume” de transações, defende a comissária europeia Kristaloina Georgieva, referindo os combustíveis, os concertos, o cinema ou as competições desportivas. Segundo afirmou, foram já feitos contactos com a Federação Internacional de Futebol (FIFA) nesse sentido.

No sábado, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble sugeriu uma taxa europeia sobre os combustíveis para financiar a resposta europeia à crise dos refugiados.

Segundo o relatório da ONU, os recursos financeiros necessários para responder a estas situações passou de dois mil milhões de dólares na viragem do milénio para 24,5 mil milhões de dólares (22,4 mil milhões de euros) em 2015.

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E no ano passado, as Nações Unidas só conseguiram reunir metade dos fundos necessários, pelo que, por exemplo, a ajuda alimentar aos sírios foi reduzida, o que contribuiu para o êxodo massivo para a Europa, segundo o documento, elaborado por um grupo de peritos da ONU e sob a égide da comissária europeia Kristalina Georgieva e do sultão malaio Nazrin Shah.

“Nunca o mundo foi tão generoso (…) mas também nunca essa generosidade foi tão insuficiente”, lamentou Kristaloina Georgieva.

“[Ajudar as vítimas de conflitos e catástrofes é] moralmente justo, mas é também do nosso interesse, como demonstrou a crise migratória”, acrescentou a comissária do Orçamento, que antes de assumir este cargo era a responsável pelas operações humanitárias da União Europeia.

A ONU quer atacar este problema de diversas formas, começando pela “redução das necessidades” através de uma melhor prevenção dos conflitos, que passa por ajudar melhor os países frágeis.

As Nações Unidas querem ainda aumentar o grupo de doadores e encontrar novas formas de financiamento. Uma das ideias concretas do relatório é a criação dessa “taxa de solidariedade” a aplicar a certos bens e serviços.

O relatório apresentado este domingo no Dubai será analisado num encontro humanitário em Istambul, em maio.